sexta-feira, 23 de abril de 1999

ABRIL - 1999 - Lourdes Badaró e Francisco F. Araújo

LOURDES  BADARÓ

MERGULHO  NO  INFINITO

Correndo sempre rumo à eternidade,
Apaga o tempo os dias já vividos,
E no passado enterra, sem piedade,
As ilusões e os sonhos mais queridos !
      Segue, levando toda a humanidade,
      Sem escutar apelos nem gemidos,
      A procura da Luz e da Verdade,
      - Meta dos roteiros concluídos.
Livre e não mais ao tempo circunscrito,
Sacia o ser a sede de Infinito,
Da plenitude frui todo esplendor !
      Nesse mergulho de êxtase e vertigem,
      A vida encontra, enfim, a sua origem
      E dilui-se no Manancial do Amor !




FRANCISCO  FERNANDES  de  ARAÚJO

O  PRAZER  SEM  ALEGRIA...

Todo peixe só vê isca
E o momento do prazer,
Mas o anzol é que o petisca,
Tem prazer de o ver morrer...
      Colhedor de rosas vê
      Só por fora o roseiral,
      Se não sabe o a-bê-cê
      Dos espinhos, se dá mal...
A distância reluzente
Aconselha a ter cautela...
Quem garante, se presente,
Essa luz não se esfarela ?...
      Que eu não seja como peixe,
      Ou de rosas colhedor,
      E depois que não me queixe,
      Se drogado e sem amor...

domingo, 4 de abril de 1999

ABRIL - 1999 - CAMILO


CAMILO  GUIMARÃES

LEMBRAÇAS  DE  ESQUECER - 6

Na algazarra de cada brincadeira,
Assim ia vivendo a criançada:
A pipa no alto, toda alviçareira,
Bate-pique, bem rápido, e a queimada,

O pião zumbia em fuga da fieira,
Iam barcos de papel pela enxurrada,
A bolinha de gude ia certeira
Ser campeã numa única parada.

Na rua ou no quintal de uma vizinha,
Jogava-se, vibrando, a amarelinha
Ou o passa-anel nas mãos mal comprimidas,

Futebol tinha até bola-de-meia,
Às vezes, acabava em briga feia
A mais simples de todas as partidas.