segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Potranca Arisca - Poesia de Cordel - Clarice Luiz

               Resultado de imagem para DESENHO DE CORDEL  MULHER

                 1
O causo que vou contar
Aconteceu realmente
Foi em um tempo passado
Mas permanece presente
Sendo muito comentado
Na boca de muita gente.
                 2
No fundo de um abismo
Em um rio caudaloso
Ana menina franzina
Num esforço fabuloso
Tenta manter-se a tona
Nesse lugar tenebroso
              3
 Sua irmã Doralice
Moça de rara beleza
Indiferente observa
Da irmã toda tristeza
Se debatendo na água
Lutando na correnteza
                   4
 Na menina ela prendeu
Uma corda na cintura
Afogando e salvando
Prolongando a tortura
Tudo para garantir
A sua vida futura
                 5
Tire-me irmã querida
 Calar-me ei podes crer
Farei tudo que quiseres
Mas não me deixe morrer
Que será de  nossos pais
O que irás lhes dizer ¿
               6
Ao apelo não escuta
A megera ardilosa
Desde cedo prostituta
Muito má e ambiciosa
Escondia de seus pais
Sua vida duvidosa
                7
Não era a primeira vez
Mas continuadamente
Beatriz sem piedade
Torturava a inocente
Para que não revelasse
Sua vida indecente
                  8
A  menina finalmente
Da água é retirada
Seu cabelo ensopado
Sua roupa encharcada
Faz o seu corpo tremer
Ana está congelada  
               9
Livre agora do terror
De joelhos ela cai
Agradece ao Salvador
E, correndo dali sai
Temendo outro castigo
Para sua casa vai
             10
Trabalhando na lavoura
Sob um sol escaldante
Os pais ficam ausentes
Pois a roça é distante
A jovem descontrolada
Recebe ali seu amante
                  11
Vá chamar o meu amigo!
Diz a jovem arrogante
Em busca daqueles homens
Ana corre a todo instante
Fielmente obedece
A sua irmã irritante
              12
Esquecendo o cansaço
Ela vai com o recado
Para logo retornar
Com o novo convidado
Arisco e ansioso
Vem correndo o safado
              13
Do alto de uma arvore
A menina  espiava
Ao se aproximar alguém
 A Sua irmã avisava
Escapar dos seus castigos
Era só o que desejava
              14
Mas o tempo foi passando
E a garota cresceu
Ficando muito bonita
Realmente, floresceu
A irmã gananciosa
Um novo plano teceu
               15
Aquela bela mocinha
Poderia lhe ajudar
A sair daquela roça.
Na cidade ir morar.
Com sua irmã donzela
Muito tinha a  lucrar.
            16
Se conquistar a menina
Se dela me aproximar
Conseguirei o que quero.
Fazendo-a  cooperar
Terei  vestidos e jóias
Sem precisar trabalhar      
              17
Com jeitinho e astúcia
A garota agradou
Ficou muito carinhosa
E de mimos a cercou
A ninfeta encantada
A mudança adorou
            18
Tenho dinheiro Guardado
Poderemos viajar
Conhecer outras pessoas
Roupas  e jóias comprar
Com toda essa beleza
Terás o que desejar!!
               19
Já tenho tudo que quero
Minha irmã e amiga
Dizia Ana, inocente
Para a pior inimiga
Esquecendo o passado
Com  toda sua intriga
              20
O velho pai ocultava
Uma preocupação
Ouvira o rádio falar
De uma tal revolução
O medo se apoderou
Desse pobre coração        
              21
Ana como de costume
Para a roça levou
A refeição caprichada
Que Beatriz preparou
Não demorou quase nada
Logo pra casa voltou.
              22
Algo estava diferente.
Devagar se aproximou
Vozes brutais ela ouviu
Seu coração disparou
Escondeu-se num repente
Quando o grito escutou
               23
A porta escancarada!
Um cão morto ela notou.
Beatriz ensanguentada
Pela porta assomou
Fugia  desesperada
Do homem que a pegou.
             24
Ele pulou sobre ela
Gritando em excitação
Minha potranca arisca
Eis aqui seu garanhão!
Logo  outro apareceu
Querendo o seu quinhão          
              25
Estavam todos fardados
Vinham  da revolução
Ana correndo fugia
Procurando proteção
Desesperada pedia
A  Deus sua proteção
            26
Quando voltou com os pais
Viram a desolação
Beatriz, pobre coitada
Jazia morta no chão
O sangue ainda corria
Em grande profusão
            27
A família desolada
Deste sítio se mudou
Foi para outra cidade
Onde então se instalou
Tudo era novidade
Beatriz dali gostou
            28
Seu vizinho tem um filho
Recentemente chegado.
Rapaz bonito e gentil
Foi até condecorado
Por bravura!Diz o pai
É um valente soldado!                  
            29

Tiago a primeira vista
Por Ana se apaixonou
Que ao ver esse soldado
Do passado se lembrou
Fugiu de sua presença
E no quarto se trancou
             30
O velho pai, carinhoso
A menina consolou
Deixe pra traz o passado
O rapaz de ti gostou!
Para agradar o pai
Com Tiago Ana casou
              31
O noivo na  lua de mel
Em carinho exagerou
Sentindo muito prazer
No orgasmo ele gritou
Minha potranca arisca
Seu garanhão encontrou!
               32
Ana desesperada
Daquela cama saltou
Pegou a arma do esposo
E sua cabeça estourou
Cortou seus genitais
E na lixeira jogou  
            33
Ana hoje é prisioneira
Nunca se arrependeu
Tiago pagou com a vida
O sofrimento que deu
O seu fogo se apagou
Como Beatriz morreu.

Clarice Luiz  15-8-2016
Clarice Luiz

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Poema À Casa do Poeta - Regina Angelo

                            Entrada do ICCT - Onde acontecem os saraus da Casa do Poeta de Campinas


Casa do Poeta

Nasci " Casa do Poeta",
em berço de ouro pelo tesouro
que me foi confiado.
O brilho amarelo do sol
aquecia nossa casa e a primavera florida
cantava em versos férteis
imersos em euforia e lirismo...
O explodir do riso farto em cascata,
envolvia a todos. E o ar se vestia de festa!
Fui crescendo, de bebê a criança inteligente;
de bela adolescente a jovem culta, eficiente.
Hoje é meu aniversário; completo vinte
anos e convoco a todos: vinde!
Vinde com sementes
de sabedoria, esperança e amor.
Vinde o poeta e o piano; a viola e o tenor.
Sem temor, achegai-vos todos: a pintura,
o coral, o teclado mesmo a cantiga antiga
de amor ou de amigo, sem lamúria, só ternura!
Aguardo quem revele emoção
em verso comovente, alegre ou triste
para sorrir ou chorar até o mais insensível,
que aos acordes da hora resiste.
Agora, como antes, meus braços abertos,
acolhem o pequeno e o grande talento,
para o sarau - vesperal ! - que invento
ou algum outro majestoso evento.
Cumpro, na alegria, o zelo pela cultura
desta terra campineira,
a fechar nela, como moldura
sua riqueza de música e literatura!
Neste dia, então, sou muito feliz,
quando alguém a sorrir me diz:

" Parabéns, Casa do Poeta de Campinas!"

                                                                       Regina Angelo


terça-feira, 18 de outubro de 2016

SARAU DA CASA DO POETA NO SALÃO NOBRE DO ICCT - INSTITUTO CAMPINEIRO DOS CEGOS TRABALHADORES

PARABÉNS CASA DO POETA DE CAMPINAS - 20 ANOS DE POESIA
FUNDADA EM 20/10/2016








ATRAÇÃO MUSICAL VICENTE MONTERO E REINALDO CÚRCIO


    APRESENTADORA: SARA VALADARES 


VÂNIA FIGUEIREDO - TELAS E POESIA 


REINALDO CÚRCIO CANTOU BOSSA NOVA 


  
ROSANA M. CAPPI E JOSÉ LUIZ PIRES 
O PRESIDENTE E A VICE DA CASA DO POETA

                                                                 









VICENTE MONTERO E REINALDO CÚRCIO APRESENTARAM  O HINO DA CASA DO POETA DE AUTORIA DE LAÍS R. DE LIMA 


























PARTICIPAÇÕES NO EVENTO 

VICENTE DE PAULO MONTERO 
REINALDO CÚRCIO
JOSÉ LUIZ PIRES
ARACI F. PIRES
ROSANA MONTERO CAPPI
VÂNIA FIGUEIREDO
SARA VALADARES
CRISTINA LOVES
MARILZA P. CALSAVARA
RACHEL DOS SANTOS DIAS
ALBARAN
JOSÉ LUIS LOPES
EUNICE R. DE PONTES
MARISA GONÇALVES
REGINA ANGELO
SEBASTIÃO BRANDÃO 
JOSÉ AUGUSTO 
WAGNER PAULO DOS SANTOS
DOLORES FERNANDES
ELZIO
JACI
ROZENO








segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Hino da Casa do Poeta de Campinas- Apresentado no Sarau de Aniversário, em 15/10/2016

               SALVE A CASA DO POETA DE CAMPINAS 
   20 ANOS DE POESIA 
Fundada em 20/10/1996

HINO À CASA DO POETA DE CAMPINAS  
                                     Letra e Música: Laís Rodrigues de Lima 
                                                           Transcrição Reinaldo Cúrcio







VINTE DE OUTUBRO DE NOVENTA E SEIS
É DATA QUE O POETA NÃO ESQUECE
NASCEU NESTA CIDADE UMA ENTIDADE
QUE SÓ LOUVORES DIVINAIS MERECE.

É CASA DE CONVÍVIO ACONCHEGANTE
AMBIENTE DE TERNURA E DE ALEGRIA
POIS TODOS DE MANEIRA CATIVANTE
TEM CHANCES DE DIZER SUA POESIA.

REFRÃO : VIVA A CASA DO POETA
DA POESIA VERDADEIRA
QUE NASCEU PREDESTINADA   BIS
A BRILHAR A VIDA INTEIRA

CASA NASCIDA DA BELEZA E AMOR
QUE TODO BOM POETA TRAZ NO PEITO
E AO LADO DOS POETAS SE REUNEM
PRA TER NA MENTE BOM REAL PROVEITO.

CULTIVA NESTA TERRA SEMPRE O BELO
O BRILHO COM QUE EXISTE TODA GENTE
CANTANDO ESTE SEU HINO TÃO SINGELO
QUEREMOS QUE ELA VIVA ETERNAMENTE.

REFRÃO : VIVA A CASA DO POETA
DA POESIA VERDADEIRA
QUE NASCEU PREDESTINADA   BIS
A BRILHAR A VIDA INTEIRA


O HINO DA CASA DO POETA FOI APRESENTADO NO SARAU DE 15/10/2016 POR
VICENTE MONTERO E REINALDO CÚRCIO


Fábio Renato Villela - Homenagem Póstuma - falecido em 16/10/2016

livro



Poesia Concreta
Cantam os Campos
a Concreta Poesia
do rude asfalto
de só sobressalto;

e se a poeira
apaga as estrelas,
como disse Caetano*,
o verso desenhado
acende o Céu insano;

e se a dura poesia
esquadrinha a realidade,
há que ser ler
uma lirica quadrinha
em cada entrelinha;

e se por ambos e mais um**,
o Parnasiano recolheu-se
à arca do Passado,
há que se saber
que nesse Concreta Via,
ainda se ouve
a Quinta Sinfonia.

* da poética de Caetano Veloso.
** Os irmãos Augusto e Haroldo Campos e Décio Pignatari, criadores do Movimento Concretista. A eles, essa pouca homenagem.

Fabio Renato Villela


Fábio Renato Villela


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

CASA DO POETA DE CAMPINAS - 20 ANOS DE POESIA

 

               

                Breve Histórico da Casa do Poeta de Campinas

A Casa do Poeta de Campinas,  idealizada por João Baptista Muniz Ribeiro (presidente de honra perpétuo), foi fundada em 20/10/1996 por poetas consagrados e ícones da cultura campineira, entre eles: Conceição Arruda Toledo; F. Vidal Ramos; João Baptista Muniz Ribeiro; Durval Otero; Norma Guimarães; Arita Damasceno Pettená; Enid B. Pires; Laís R. de Lima e Sérgio Caponi.

A Casa do Poeta de Campinas tem como finalidade divulgar a poesia e incentivar novos poetas. Desde a sua fundação, tem realizando Saraus líteromusicais bimestrais, sempre nos terceiros sábados dos meses pares do ano e certamente tem enriquecido a cultura da cidade de Campinas-SP.

Esses encontros são oportunidades para muitos autores divulgarem seus trabalhos e para o público conhecer os talentos literários da prosa, poesia,  música e das artes plásticas.

Desde 2014, os Saraus são realizados no Salão Nobre do Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores- ICCT. Inicialmente eram realizados na sede da ACI (Associação Campineira de Imprensa), posteriormente na sede da Casa da Banda e depois na Academia Campinense de Letras.

A Casa do Poeta de Campinas já publicou seis Antologias "A Voz da Inspiração", com a participação de poetas, cronistas e artistas plásticos. A 1ª Antologia, organizada pelo Dr. Durval Otero, poeta, advogado, professor, sociólogo e na época presidente da Casa do Poeta, foi publicada em 2003 pela Editora Átomo e a última, lançada em 2014.

O Hino em homenagem à Casa do Poeta de Campinas, foi composto pelo saudoso e membro fundador da entidade,  Laís Rodrigues de Lima.

Agora em 2016, o hino teve a transcrição para a pauta musical elaborada por Reinaldo Cúrcio, que juntamente com o tenor Vicente Montero apresentará o referido hino no sarau de aniversário.  

O blog www.casadopoetacampinas.blogspot.com, é editado por Rosana Montero Cappi e é um veículo para divulgação dos autores. Quem quiser divulgar  suas obras é só enviar para:

casadopoetacampinas@gmail.com


Também estamos no facebook: Casa do Poeta de Campinas