terça-feira, 14 de dezembro de 1999

DEZEMBRO - 1999




BENNY  SILVA


HOMEM  DE  SORTE

Após tanto verso escrito,
da ambição jamais recua
de ver-se além do finito,
ser gênio que a arte cultua.
      Com seus versos continua, 
      mas, num estilo esquisito,
      livro de autoria sua
      só de capa é bem bonito...
Buscando tornar-se eterno,
num hermetismo moderno,
viu-se, como homem de sorte,
      na Academia, afinal :
      - De fato, fez-se imortal,
      enquanto não vem a morte...




CARMEN  GRATÃO  PEDROSO

TORMENTO

Voltei, porque senti muita saudade.
Não calculas o forte sentimento.
Sofri demais com tua falsidade,
que fez da minha vida um só tormento.
      Mesmo tu, que hoje espalhas só maldade,
      serás sempre meu lindo encantamento,
      tirando-me total serenidade,
      estás sempre a ocupar meu pensamento.
Como dói este amar, sem ser amado.
É sofrer como um ente desprezado
que não pára um segundo de sofrer.
      Um dia, quando menos esperares,
      sentirás também todos meus pesares,
      a chorar pelo mesmo padecer.


terça-feira, 23 de novembro de 1999

NOVEMBRO - 1999

    Em frente da ACI: Durval, João Baptista, Agenor S. Gonçalves, Camilo Guimarães e Ananias B. Fontes.



DURVAL  OTERO

VIDA  E  AMOR

Não tem razão a vida sem amor,
sem alegria e Deus. E viva a vida,
e viva o amor e Deus, nossa guarida,
que sempre acolhe a todos com fervor.
      Assim é bom amar para viver,
      ter alegria e não desilusão,
      dar tudo ao nosso bom querido irmão,
      só assim o amor vivendo vai crescer.
A vida deve ser vivida sim,
com muito amor e força de vontade,
para que seja exemplo de bondade,
      fraternidade e possa ter bom fim,
      mais razão para se viver, assim,
      com muito mais amor - felicidade.





AGENOR  SANTOS  GONÇALVES

O  BRILHO  DAS  ESTRELAS

A estrela que não brilha
porque não sabe que não brilha
porque não tem brilho pra brilhar,
não é uma estrela.
É um ponto negro.
      A estrela que quer brilhar
      e não brilha
      porque sabe que não sabe brilhar,
      e brilha através de brilho alheio,
      não é uma estrela.
      É uma falsa estrela.
A estrela que brilha e sabe que brilha,
porém não se preocupa com seu brilho,
esta sim, é verdadeira :
A estrela dígna de ser mirada !

quarta-feira, 27 de outubro de 1999

OUTUBRO - 1999

CARMEN  PIMENTEL

ENTARDECER

Pássaros revoam na tarde calma,
sobre a relva bando de borboletas
rondam as rosas amarelas
por entre os últimos raios do sol.
Serras azuis ao longe
escutam a canção do vento
que brinca por entre as folhas
das árvores silenciosas.
A tarde vai adormecendo
enquanto as estrelas pálidas
ainda sonolentas, pestanejam
esperando pela noite.




SAMUEL  LISMAN

ORVALHO

Sei que de teus olhos
Pende uma lágrima,
Órfã de distâncias,
Em corações ansiosos.
      Deixa-a cair sigilosa
      Como gota de orvalho,
      Porque a alma, se chora,
      Esconde uma esperança.

sexta-feira, 22 de outubro de 1999

OUTUBRO - 1999 - S.LANDINI

SIDNEI  LANDINI

C A S T I G O

Se por Deus me foi dado por castigo
Algo triste a cumprir por esta Terra,
E ter a carregar sempre comigo
Uma cruz do passado, o que me aterra.

Onde, no entanto, procurar abrigo,
Onde buscar o pomo em que se encerra
Este segredo, o qual, nenhum amigo
Pode dizer-me em quais paragens erra ?

Mas eis que um dia, em sonho ou pesadelo,
Se me apresenta, em névoas, um celeste
Arcanjo, a me dizer, para dizer-te:  

"- Certamente haverei de bem dizê-lo,
Pois na verdade este sofrer reveste
O supremo castigo de querer-te...!"

quinta-feira, 23 de setembro de 1999

SETEMBRO - 1999 - Arly G. Ribeiro - 1º a esquerda


JOÃO  MARTINS

A  CRIANÇA  E  A  PÁTRIA

Uma criança perguntou-me um dia:
"O que é que é pártia, moço ? O senhor sabe ?"
Pus-me a fitar-lhe a face que sorria,
Com todo o encanto que num riso cabe.
      Ora, meu bem, é uma família, entende ?
      Maior que a nossa, é uma nação inteira
      Que às mesmas leis e um só governo atende,
      Tem mesma língua, um chão e uma bandeira.
Às vezes nos orgulha, nos agrada,
Às vezes nos desgosta ou nos castiga...
É um mistério de amor que em nós se abriga.
      Por tua cara, não entendes nada...
      - Entendi, sim ! (retruca prontamente):
      Ela é assim... é como a mãe da gente !



EUNICE  NUNES  OLIVEIRA

DEUS  SORRINDO

Possuo no meu jardim
Muitas flores, todas belas,
No claro tom de aquarelas.
Sou feliz, vendo-as assim...
      Imponentes, lindas rosas,
      De suave e doce perfume,
      Deixam meu peito com ciúme,
      Da beleza, tão viçosas !
O cravo com grande olor,
Me faz lembrar um amor,
Que foi muitíssimo lindo...
      O Criador, meu bom Deus,
      Deu flores aos filhos seus,
      Nelas, O vejo sorrindo...





 

sábado, 28 de agosto de 1999

AGOSTO - 1999 - Dulcinéa - Laís - NEI ARDITO

MARIA  Ap.  NEI  ARDITO

ALMA  DE  CRISTAL

Não mais quero falar desta tristeza,
Nem desta solidão que ora me invade,
Desta amargura que é minha certeza,
De ser tão frágil dentro da saudade
      Porém, se aos outros forte eu me pareço,
      Doce ilusão - pois sei não ser capaz -
      Minha alma é qual cristal de um alto preço,
      Caindo, em mil pedaços se desfaz.
Vou abolir tristeza e solidão,
Colhendo os fragmentos do meu eu,
E modelar um novo coração.
      E assim, cantar a paz, louvar o amor
      Em prosa e verso para quem sofreu
      Do mesmo mal, talvez, da mesma dor.




MARIA  THEREZA  RAMOS  MARCONDES

SOLIDÃO

Passou-se o tempo, nunca mais te vi,
E a relembrar nossa vida de outrora,
Bendigo a hora em que te conheci,
Detesto o dia em que tu foste embora.
      A solidão veio morar comigo
      E hoje vivo de recordação.
      Sempre amargando este meu castigo,
      Se eu errei, Senhor ! ? ... Peço perdão.
Já vai bem longe a separação,
Porém, conservo-te em meu coração,
Sentindo ainda o calor de teus braços.
      Queria ver-te só mais um momento,
      Busquei teu rosto em meu pensamento,
      E na saudade construí teus passos...

quinta-feira, 15 de julho de 1999

JULHO - 1999 - Norma Guimarães Ribeiro e Enid B. Pires

NORMA  de  LOURDES  GUIMARÃES  RIBEIRO

A  UMA  AMIGA

Renova a tua fé no Criador,
Atende ao pobre e a quem necessitar,
Ao infeliz, consola em sua dor,
Ergue à virtude um sacrossanto altar.
      Perdoa ao inimigo, sem demora,
      Que o vil metal não seja o teu Senhor,
      Procura na oração que revigora,
      Remédio certo, regenerador.
Esquece as mágoas, pensa na candura
De uma consciência leve, dá guarida
À doce paz que emerge d'alma pura.
      E colherás, no fim do teu caminho,
      Os frutos que semeaste desprendida,
      Os dons que repartiste com carinho.





ENID  BESTETI  PIRES

SOMENTE  SAUDADE

Mesmo longe, tu foste em minha vida
Grande alento em minha caminhada,
Pois eu tenho tua imagem refletida,
Em minh'alma, inda, toda devotada.
      Se às vezes me sentia decaída,
      Sem forças, já, na luta e desgastada,
      Com coragem, me punha reerguida,
      Pensando em te encontrar, na encruzilhada.
Mas o tempo veloz e inexorável
A força que eu julgava inesgotável
Consumiu, sem um rasgo de piedade.
      Estes dias exígnos, que me restam
      De esmaecido sol, a mim, atestam
      Que só resta o consolo da saudade.

sábado, 19 de junho de 1999

JUNHO - 1999 - Maria Conceição Arruda Toledo



MARIA  CONCEIÇÃO   ARRUDA  TOLEDO

RETROSPECTO

Debrucei sobre mim mesma
e contemplei os estragos do tempo:
Vi as ruínas dos meus sonhos;
os escombros de remotas ilusões;
a hera da desesperança invadindo
um amontoado de destroços.
Vi espinhos dilacerantes cravados
em um coração cansado.
Vi que as ruínas interiores
eram ainda maiores que as externas.
Quando meus olhos se desviaram
do que o tempo poupou de mim mesma,
eles estavam molhados de pranto.
- Choraram de saudade
daquilo que não pude ser !





ANANIAS  BATISTA  FONTES
AGRADECIMENTO

Às grandes almas eu sempre agradeço
as muitas gentilezas recebidas,
pois foram jóias de elevado preço,
em ouros em diamantes esculpidas.
      Favores que recebo e não mereço,
      para pagá-los é preciso vidas
      que tenham o labor como adereço,
      com a fraternidade reunidas.
Por essas grandes almas sempre tenho
pedido ao Pai, saúde, proteção,
pois as conservo em meu pensamento
      com muita gratidão, com grande empenho
      rogando-lhes a Deus, divina unção,
      é pois, assim, meu agradecimento.

segunda-feira, 10 de maio de 1999

MAIO - 1999 - Sérgio Caponi e Arlindo Borba

SÉRGIO  GALVÃO  CAPONI

À  MINHA  MÃE

A mão que levemente a face acaricia,
e madeixas me deixa no grisalho...
é mais que mão,
é agasalho,
vestindo a alma que deste mundo já se esfria.

O olhar embaçado, que em pranto se enuvia,
o rosto amado,
(pelo tempo, como lamento, recortado...)
é mais que rosto, mais que olhar,
é um firmamento,
em que me perco docemente a cada dia...

E se de todo, não me é plena a alegria,
se me desconsolo em meio a tal contentamento,
é por sentir que a vida foge num momento,
que se esmorece a mão bendita que me quia...





ARLINDO  BORBA  de  OLIVEIRA

MEU  PRESENTE

A um passado sombrio
que não sendo neutro,
foi trauma e dor,
foi frustração e mágoa,
sucedeu meu presente: VOCÊ !

Você paz, ternura,
você senhora,
você escrava,
você candura,
você ardor.
Você certeza
na minha incerteza,
mas... Sobretudo
você AMOR !

sexta-feira, 23 de abril de 1999

ABRIL - 1999 - Lourdes Badaró e Francisco F. Araújo

LOURDES  BADARÓ

MERGULHO  NO  INFINITO

Correndo sempre rumo à eternidade,
Apaga o tempo os dias já vividos,
E no passado enterra, sem piedade,
As ilusões e os sonhos mais queridos !
      Segue, levando toda a humanidade,
      Sem escutar apelos nem gemidos,
      A procura da Luz e da Verdade,
      - Meta dos roteiros concluídos.
Livre e não mais ao tempo circunscrito,
Sacia o ser a sede de Infinito,
Da plenitude frui todo esplendor !
      Nesse mergulho de êxtase e vertigem,
      A vida encontra, enfim, a sua origem
      E dilui-se no Manancial do Amor !




FRANCISCO  FERNANDES  de  ARAÚJO

O  PRAZER  SEM  ALEGRIA...

Todo peixe só vê isca
E o momento do prazer,
Mas o anzol é que o petisca,
Tem prazer de o ver morrer...
      Colhedor de rosas vê
      Só por fora o roseiral,
      Se não sabe o a-bê-cê
      Dos espinhos, se dá mal...
A distância reluzente
Aconselha a ter cautela...
Quem garante, se presente,
Essa luz não se esfarela ?...
      Que eu não seja como peixe,
      Ou de rosas colhedor,
      E depois que não me queixe,
      Se drogado e sem amor...

domingo, 4 de abril de 1999

ABRIL - 1999 - CAMILO


CAMILO  GUIMARÃES

LEMBRAÇAS  DE  ESQUECER - 6

Na algazarra de cada brincadeira,
Assim ia vivendo a criançada:
A pipa no alto, toda alviçareira,
Bate-pique, bem rápido, e a queimada,

O pião zumbia em fuga da fieira,
Iam barcos de papel pela enxurrada,
A bolinha de gude ia certeira
Ser campeã numa única parada.

Na rua ou no quintal de uma vizinha,
Jogava-se, vibrando, a amarelinha
Ou o passa-anel nas mãos mal comprimidas,

Futebol tinha até bola-de-meia,
Às vezes, acabava em briga feia
A mais simples de todas as partidas.


sexta-feira, 12 de março de 1999

MARÇO - 1999 - JEHOVAH AMARAL e ÁLVARO RIBEIRO

JEHOVAH  B.  AMARAL

S O N H O S

A água que brotou da fonte
fresca e clara lá do monte
tênue e calma veio abaixo
deslizando, serpenteando
murmurando, foi traçando
o percurso do riacho.
      Às suas águas, ora um fio,
      se juntou a água de um rio
      se tornaram caudalosas.
      Veio o homem e as poluiu,
      seu encanto então sumiu
      entre lamas pegajosas.
Os meus sonhos concebidos
pretensiosos, coloridos,
que pensei se realizassem,
veio o sol da realidade,
sua imensa claridade
fez que sombras se tornassem.




ÁLVARO  RIBEIRO    (Rico)

DÚVIDA  ATROZ

Gostaria de ouvir aquelas juras,
que para mim fizeste no passado
quando eu vivia só e desprezado
ofereceste-me reais ternuras !
      Não consigo viver com as torturas,
      que tua ausência já me tem causado
      em horas tristes que bem registrado
      minh'alma cobra todas as agruras !
Assim eu levo a vida tristemente
na esperança de que, suavemente
pra mim repitas juras com firmeza !
      Espero então, de ti, palavras belas
      e sentidas, idênticas àquelas
      que um dia ouvi, com rara singeleza !

sexta-feira, 19 de fevereiro de 1999

FEVEREIRO - 1999 - F.VIDAL RAMOS e HONÓRIO CHIMINAZZO

F. VIDAL  RAMOS

TARDE  TRISTE

A solidão cruel a tudo invade,
Desapiedada e louca, rude e fria.
Na rua triste, de ilusões vazia,
O fantasmal prenúncio da saudade.
      Marmórea, a tarde tem a cor de jade,
      E faz-se a pouco e pouco mais sombria,
      Enquanto a incontrolável agonia,
      Aumenta de furor e intensidade...
Goteja a tarde nos beirais molhados,
Onde um bando de pombos, assustados,
Cala o arrulhar, pensando em solidão !
      E a soluçar o pranto da alma morta,
      Vai morrendo - abraçado à tua porta -
      O meu pobre e sofrido coração !




HONÓRIO  CHIMINAZZO

PELA  METADE

Eu sei que existe um Deus de amor e bondade,
Que me deu a existência e muito mais...
Mas tudo o que me deu foi pela metade...
Jamais senti, por inteiro, a felicidade !
      Já não consigo escrever meu verso
      E cansado procuro a musa desaparecida,
      Talvez perdida ou escondida no universo
      Deste peito triste, desta pobre vida !
Acredito em Ti, meu Deus amado
E por essa fé ainda resisto.
Perdoa-me porque não sei sofrer calado,
      Nem ter aprendido a lição de Cristo...
      Sei que tenho a alma cheia de maldade
      E em vão procuro encontrar a outra metade !

quinta-feira, 14 de janeiro de 1999

JANEIRO - 1999 - Alcy Gigliotti e J.B.Muniz Ribeiro


ALCY  GIGLIOTTI

LIVRE  ARBÍTRIO

Não te enganes, companheiro,
caminhando pelo mundo:
vais achar amor profundo
e a tragédia do dinheiro !
      E tens de escolher !
      Na luta sem trégua
      do ter e do ser
      é tua opção...
Olha e define,
usa a razão !...
Que o tempo futuro
depende da música
que fores compondo
na vida-canção !...




J, B. MUNIZ  RIBEIRO

LÁGRIMAS  E  RISOS

Recordando o passado descobri,
Que foram poucas minhas alegrias,
Mas, de lamúrias foram longos dias,
Amargos e penosos que vivi.
      Daquela casa branca, junto a ti,
      Eu somente guardei fotografias
      Nas caixas de lembranças, tão vazias,
      De tantas esperanças que perdi.
Eu fui passando pela vida afora,
Às vezes rindo, como rio agora,
Mostrando-me feliz a quem me assiste,
      Foi misturando lágrimas e risos,
      Num desvairado mundo de improvisos,
      Que dor não me restou para ser triste !

terça-feira, 12 de janeiro de 1999

JANEIRO - 1999 - S.LANDINI

SIDNEI  LANDINI

O B R E I R O

Quase sem sono, em plena madrugada,
Ponho-me a versejar como em delírio,
E, vagabundo, espero o último círio
Se apagar aos caprichos da alvorada.
      E a Lua se desfaz em prata e em lírio,
      E enquanto vou propondo uma balada,
      Espero que uma rima enfim invada
      A estranha solidão do meu martírio...
Por fim o Sol acorda e sorrateiro,
Por trás de uma montanha ele me espia,
Anunciando afinal o vir do dia.
      E então, que coisa estranha, eu, o obreiro,
      Que queria escrever palavra bela,
      Só consigo lembrar do nome dela !