quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Trecho do livro " Estão Voltando as Fores"


Capítulo XXVI; página 119

"A madrugada está gelada. Aconchegada em meio às cobertas, Lorena dorme tranquilamente em seu quarto. Uma suave melodia, que parece vir de muito longe, consegue finalmente acordá-la. Demorou um pouco para ela entender o que estava acontecendo. A janela de seu quarto fica em frente ao pequeno jardim da casa. Com muito custo, ela reconhece as vozes que estão sendo acompanhadas por um violão. Sonolenta, vagarosamente ela se levanta, acende a lâmpada e escova rapidamente os cabelos. Devagar, abre a janela e consegue enxergar  os seresteiros que estão a uns quatro metros de distância, atrás da pequena mureta que separa a calçada do jardim. Os boêmios Toninho, Odair, Césinha e Enzo, cantam juntamente a Cristiano, que faz o acompanhamento dedilhando seu inseparável violão. 
Os rapazes vibram quando Lorena abre a janela. Enzo dá um sinal para os amigos e Cris começa a tocar uma melodia em especial dedicada à jovem garota. Eles começam a cantar a canção do Tim Maia, “Primavera” -  “Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti. Pode o outono voltar, que eu quero estar junto a ti. Eu, é primavera, te amo, é primavera, te amo, meu amor, trago esta rosa... Para lhe dar.”
Ao cantar essa estrofe, Enzo pula a mureta e quando chega à frente de Lorena, beija um botão de rosa que trazia escondido atrás de si e lhe entrega pelo vão da grade da janela. Nesse instante, a porta da sala se abre e Sinésio aparece no jardim de pijama."






 Rosana Montero Cappi
     agosto/2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

NÉVOA DA SOLIDÃO




Eu vim de muito longe
Só não perdi os ensinamentos
Fui obediente como um monge
Me dobrei em agradecimentos.

Deus lhe pague, me desculpe
Muito obrigado, com licença
Sim senhor, não senhor
Foi assim que o mundo me ensinou
Na minha adolescência.

Agora, com tantos anos vividos
Eu não encontro o que me ensinaram
São tantos os caminhos percorridos
Que nem sei onde foi que se acomodaram.

Mas, agora são todos cheios de defeitos
Vivem gritando nas ruas
Nem sabem por que estão vivendo
Só sabem mentir, só sabem fingir.

No caminho por onde eu passei, eu quis limpar
Porque se um dia eu precisar voltar
Quero o meu caminho limpo e florido
Quando por ele, eu tiver que passar.

Meus amigos, no grande teatro da vida
Na primeira fila, nas primeiras cadeiras
Vocês vão sempre me encontrar em pé
Aplaudindo-os e agradecendo a Deus,
Por ser amigos de vocês, e, fiel a todos.  

Hoje a névoa de solidão já não existe
É isto que faz o meu caminho ser menos triste
Vou correr, pelo espaço a cantar
E se existe tristeza, eu com ela vou me acostumar.


 

                         Moacir Monteiro 
                       Reunião- Agosto/2011 

sábado, 10 de setembro de 2011

MENINO FLAUTISTA



      Moço, ei moço...
Você não viu um menino de mais ou menos oito anos, de cabelos encaracolados castanho dourado?
É meu filho. Tocava com o quê sua flauta doce.
Sempre foi um garoto alegre e doce, como sua flauta. Mas um dia saiu de casa. Nem percebi. Fiquei sem meu rouxinol que enchia minha casa de alegria.
      Ei minha senhora! Não viu um menino de cabelos encaracolados?
Não sei porque não voltou mais para casa. Acho que se perdeu. Mas era tão esperto, saberia voltar.
Há tanto tempo que o procuro e espero, que até perdi a conta, mas a saudade não me deixa desistir. Se pelo menos tivesse levado sua flauta, tocaria o minueto. Por mais longe que tivesse, haveria de escutá-lo.
A flauta solitária chora como eu. Ela sem o sopro do meu pequeno flautista não é nada, apenas um pedaço de plástico.
Já perguntei às crianças da rua do meu bairro se viram o menino,  ninguém sabe, ninguém viu.
Meu filho decerto virou passarinho; um rouxinol, as alegrias das manhãs.
Ouvir o minueto no meu aparelho de som me consola, parece que meu flautista voltou. As vezes imagino que os anjinhos o levaram para o céu, para fazer parte da orquestra celestial, para alegrar Nosso Senhor.
Ah! Jesus deve adorar todos os minuetos; de Bach, de Mozart, e outros.
Onde quer que esteja meu menino, vai morar sempre no meu coração, que em cada compasso vai tocar: saudade, saudade...

 
     
                                                MIRIAM BRASILINO DE CARVALHO MIATTO  
                                                                       Reunião agosto/2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A FOTOGRAFIA





Eu  morava num recanto com a vovó e a titia 
Fui remexendo o passado
Dentro dos papéis guardados
Achei uma fotografia.

Era um rosto de mulher
De aparência muito bonita
Tinha os seus cabelos longos
E um belo laço de fita.

Eu me encantei com a foto
E fui logo perguntando
Quem era aquela mulher?
Meu coração foi pulsando.

Veio a vovó e a titia, que chorando me respondeu
Essa mulher é sua mãe que há muito tempo morreu
Foi embora ao te dar a vida
                                                       Ela não te conheceu.                                                          

Mas te deixou uma lembrança
Que agora eu vou lhe entregar
É uma linda oração
Feita com palavras doces
Vindas lá do coração.

Perdoa meu filho querido,
Meu coração está contigo
Por onde você andar seja um homem de bem
Aqui ou em qualquer lugar
Faço tudo que for bom
Para Deus te abençoar.

                                                          ADELINA CARDOSO DE SÁ
                                                                  Reunião agosto/2011

sábado, 3 de setembro de 2011

REQUIEM PARA JOÃO CAPPI


                                                          
Naquela fria manhã de inverno,
Lágrimas de uma chuva fina
 Lavou a face tristonha e chorosa
Daqueles que em vida,
Sempre o amaram.
Nossos olhos testemunharam
Sua partida, seu adeus para sempre.
O coração profundo,  não!

João e Helena Cappi,
Agora juntos no céu
Eternizaram sua historia de amor,
Contada em prosa e versos
Por seus entes queridos!
Saudades, é o amor que fica!

                                                 (Agmon Carlos Rosa)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

SER POETA


Ser  poeta
É viver tudo e não viver nada
É cantar sem sorrir.... é sorrir sem cantar
É tentar buscar no distante, o difícil de encontrar.
Ser poeta: É sorrir quando  devia chorar....
É imaginar na sua fantasia deslumbrante
De ir ao mesmo encontro da verdade,
E encontrar-se com a mentira.

Ser poeta é ser bobo de alguém mesmo sem ser
Ser poeta é ter um coração dividido para uma inteira humanidade
É ter no seu interior  as marcas de uma cicatriz
Pelo o que lutou e não conseguiu
Ser poeta é amar à todas as mulheres do mundo
E no mesmo instante não ter nenhuma para ser amado.

Ser poeta é buscar no meio dos infernos
Um buquê de flores em forma de fantasias
Ser poeta é sonhar e sentir, sentir sem sonhar.
Ser poeta não é só fazer poesias e um pouco mais
É também ter que competir
Crer para poder crer
Ser poeta! É isso aí.  




 ANTONIO LACERDA  - Reunião de Agosto/ 2011