quarta-feira, 29 de julho de 2015

Quero - João Baptista Muniz Ribeiro


                                    
               Quero paz, quero amor, quero ternura,
               Quero tudo isso e muitas coisas mais...
               E, em grande quantidade, com fartura,
               A fé que existe em muitos dos mortais.

               Quero entender o mundo e seus fanais,
               Trocar minha ignorância por cultura,
               Ter n’alma a rutilância dos cristais,
                E um coração repleto de brandura.

                Não é por mim que peço tanto e tanto,
                É pelo irmão que sofre em cada canto,
                As agonias sem saber pedir.

                Eu peço tanto, embora tudo tenha,
                Na espera ardente de que, enfim, me venha
                O sagrado momento de servir!

                                         J. B. MUNIZ  RIBEIRO
                                   Do  livro de Sonetos  “ LÁGRIMAS  E  RISOS “


João Baptista Muniz Ribeiro
Presidente Perpétuo da Casa do Poeta de Campinas

Flores Negras - Sebastião Batista Brandão


Pergunto à sábia natureza
De seu preconceito às cores
Por que razão excluiu
A cor negra das flores?

Não existem flores negras
Nem nas telas do pintor
Pois nem pintam anjos negros
Talvez por preconceito de cor.

Mas como a natureza não falha
Pois ela é obra do criador
Neste caso não falhou a natureza
E não falhou também o pintor.
Sebastião  Batista Brandão



sexta-feira, 17 de julho de 2015

Campinas, Minha Querida Cidade - Rosana Montero Cappi


Vindos de todos os cantos
Europa, África, Américas, Oriente
Das mais longínquas regiões do Brasil gigante
Que nesta terra aportaram
E ao descobrir seus encantos
Filhos postiços se tornaram
Encantada ficou Campinas
Terra mãe de tanta gente
Ao ver que gerou em seu ventre
Ou emprestou seu colo gentilmente
Às inúmeras figuras que seu nome elevou
Destacando- o internacionalmente
Desde os remotos tempos
Sob teu solo fértil  café foi cultivado
E com o sucesso alcançado
Fazendeiros em Barões se transformaram
Vieram também experientes imigrantes
Que diversos ofícios realizaram
Na lavoura, na ferrovia, no comércio
No ensino e em várias formas de arte
Famílias criaram e raízes fincaram
Por isso cada um de nós, povo campineiro
Faz de sua história uma parte
Somos filhos de um lugar
Onde a natureza nos privilegia
Com um límpido céu azul
Quando o dia principia
E das ruas pintadas com tapetes nas cores
Roxa, rosa, lilás e amarela
Tintas naturais que caem dos ipês
Que até no inverno  carregam-se de flores
Múltiplos espetáculos são oferecidos
No nosso dia a dia gratuitamente
Como os bandos de sagüis
Que fogem do bosque e brincam nos fios
Como espetáculo circense
Num show gracioso e surpreendente.
Antiga terra das andorinhas
Ainda tem variedade de pássaros
Sabiás, bem-te-vis, bicos de lacre e beija-flores
A gorjear seus cânticos em quintais e varandas
Enchendo corações de amores
Amo esta cidade
De pobres e ricos,
De comércio requintado e caótico
De praças, bosques e parques
De músicos a tocar acordes sem fim
Em teatros, cultos, salas, bares
Ou num simples jardim
Esta metrópole que tem por padroeira
Nossa Senhora da Conceição
Que um dia emprestou-lhe o próprio nome
Merecia versos, rimas e muita canção
Todos nós, filhos legítimos ou adotivos
Devemos dar graças com fervor  
À quem nos dá tanta oportunidade
Cuidemos com carinho e amor
De Campinas, nossa querida cidade.  


Rosana Montero Cappi

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Mãe - Eunice Rodrigues de Pontes

Poema publicado na antologia "Às Mães da Sé com Carinho", do Portal do Poeta Brasileiro 

   Mãe que jamais esmorece,
          Amor maior que enternece,
          Apega-se à uma prece.

Mãe de coração partido, ferido pelo filho perdido, 
Desaparecido, não perde o ânimo, nem a crença; não 
conhece a destemperança, agarra-se fielmente à esperança.

Mãe, sua luta é uma eterna e árdua labuta;
Indômita, é dona de uma força inabalável;
Não deixa romper sua inacreditável coragem.

Mãe, imagem da incrível batalhadora que
Nunca desiste de sua intrépida jornada diante de
Nenhum obstáculo; seu caminho é o de espinho.

Mãe, não sucumbe em nenhum momento
Perante esse interminável sofrimento;
A dor fulminante seu peito dilacera.

Mãe, o ímpeto que move o âmago de sua alma impera,
Brada aos quatro cantos do universo o reverso de seu 
Doloroso destino; não se cala, sua fé nunca se abala.


           
       
Eunice Rodrigues de Pontes

Autores da antologia nas escadarias da Igreja da Sé em São Paulo, com as mães que lutam para reencontrar seus filhos desaparecidos