– Moço, ei moço...
Você não viu um menino de mais ou menos oito anos, de cabelos encaracolados castanho dourado?
É meu filho. Tocava com o quê sua flauta doce.
Sempre foi um garoto alegre e doce, como sua flauta. Mas um dia saiu de casa. Nem percebi. Fiquei sem meu rouxinol que enchia minha casa de alegria.
– Ei minha senhora! Não viu um menino de cabelos encaracolados?
Não sei porque não voltou mais para casa. Acho que se perdeu. Mas era tão esperto, saberia voltar.
Há tanto tempo que o procuro e espero, que até perdi a conta, mas a saudade não me deixa desistir. Se pelo menos tivesse levado sua flauta, tocaria o minueto. Por mais longe que tivesse, haveria de escutá-lo.
A flauta solitária chora como eu. Ela sem o sopro do meu pequeno flautista não é nada, apenas um pedaço de plástico.
Já perguntei às crianças da rua do meu bairro se viram o menino, ninguém sabe, ninguém viu.
Meu filho decerto virou passarinho; um rouxinol, as alegrias das manhãs.
Ouvir o minueto no meu aparelho de som me consola, parece que meu flautista voltou. As vezes imagino que os anjinhos o levaram para o céu, para fazer parte da orquestra celestial, para alegrar Nosso Senhor.
Ah! Jesus deve adorar todos os minuetos; de Bach, de Mozart, e outros.
Onde quer que esteja meu menino, vai morar sempre no meu coração, que em cada compasso vai tocar: saudade, saudade...
MIRIAM BRASILINO DE CARVALHO MIATTO
Reunião agosto/2011