terça-feira, 30 de abril de 2013

Índia Fênix - Ana Lúcia Sampaio (Clara Fênix)

       
 

   Sou índia com olhos de Fênix
   Ando pelas matas
   Voo pelos ares

A seiva da floresta está impregnada em minhas veias
Misturando-se a terra
Esvaindo-se no ar!

Em meu corpo de gente
Prefiro voar
Tal qual um pássaro

Em minha pintura de guerra
Sigo o ritmo do coração da terra
Que chora a falta dos seus

Minhas lágrimas são gotas da chuva serena
Despedida do meu irmão
Que tombou no solo da indignação

Roubaram-nos o direito de sermos gente
Sou índia!
Que traz a noite nos cabelos

No coração o desejo
Destas matas sempre preservar
Que a memória dos meus antepassados
Seja sempre respeitada

Não apenas num dezenove de abril
Sou índia!
Sou gente!

Tenho a alma da floresta
Que todo dia acorda em festa
Para ao nosso Criador brindar!
Ana Lúcia Mendes dos Santos Sampaio (Clara Fênix)

 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Momentos do Sarau da Casa do Poeta - 20/04/2013

Academia Campinense de Letras

O tenor Vicente Montero e a pianista Lurdes Vasques



José  Roberto Teixeira ( Presidente da Casa do Poeta)


Araci Finotelli  Pires
Adelina de Sá
Miriam Brasilino Miatto 

Rachel dos Santos Dias
 
Rosana Montero Cappi



O nosso agradecimento à Clarice Luiz, pelas fotos 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Liberdade Ainda que Tardia - (1974-1984) Rachel dos Santos Dias


LIBERDADE AINDA QUE TARDIA”

“Libertas quae sera tamen” – 1974 (repressão militar)

 Meu tempo está sendo a noite
Não posso ser dia nem tarde.
Pelo contrário, estou no tempo
Errado e preciso viver a liberdade!
 

Preciso, afinal, voltar a viver
 e entender
Como é bom, afinal, ser livre!
Poder falar do que sobeja a alma.
Lutar pela vida e viver!

Não perder tempo em controlar o amor,
Não sofrer, não ter ciúmes,
Poder ter posse, não ter medo!
Livre para não me preocupar
Com a preocupação.

Não guardar mais nenhum segredo!

Ter meu tempo, meu espaço, meu quinhão.
Ter tudo o que é meu, ser minha, afinal.
Não mais grades e muros,
Lugares tristes e escuros,
Esperança em fase terminal!
 
Não posso dar o que quero,
Não posso me dar a quem quero
Não posso falar o que penso
Sem medo ou perturbação! 

Dar o dom da fala, o fruto da minha pena,
o meu olhar que perscruta.
Meus ouvidos que ouvem mais que o som.
Meu toque, minha intuição,
meu afago, meu coração.

Livre para viver, ir e vir.
Livre para morrer.
Para não ter medo de ser livre.
E poder, enfim, voar para o infinito
E não mais ficar na pedra da praia
Espalhando cinzas carpideiras pelos cabelos

A procurar seixos coloridos que não existem mais...
Silêncio... Eles estão tristes...
Nem posso olhar as estrelas
Porque não estou livre! 

Em fins de Outubro de 1975
 
 
   
 
 

“LIBERDADE AINDA QUE TARDIA”

“Libertas quae sera tamen” – 1984

(ABERTURA POLÍTICA)
 
Meu tempo é a tarde

Que, em tempo, não se fez tarde,
Pelo contrário, está no tempo
Certo e preciso de viver a liberdade!
 
Livre para entender e saber
Como é bom, afinal, ser livre!
Poder falar do que sobeja a alma.
 
Lutar pela vida e viver!
Não perder tempo em não amar,
Em sofrer, em ter queixumes,
Em ter posse, em ter medo!
Livre para não me preocupar
Com a preocupação.
 
Não guardar mais nenhum segredo! 
É meu tempo, meu espaço, meu quinhão.
Tudo é meu, sou minha, afinal.
Não mais grades e muros,
Lugares tristes e escuros,
 
Esperança em fase terminal! 
Agora já posso dar o que quero,
Já posso me dar a quem quero
Posso falar o que penso
Sem medo ou perturbação! 
 
Dar o dom da fala, o fruto da minha pena,
o meu olhar que perscruta.
Meus ouvidos que ouvem mais que o som.
Meu toque, minha intuição,
meu afago, meu coração.
Livre para viver, ir e vir.
Livre para morrer.
Para não ter medo de ser livre.
 
E poder, enfim, voar para o infinito
E não mais ficar na pedra da praia
Espalhando cinzas carpideiras pelos cabelos
A procurar seixos coloridos que não existem mais...
Silêncio... Eles estão livres...
Eles viraram estrelas...
           Porque eu estou livre!
 

Rachel dos Santos Dias


 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Procissão do Encontro - Lu Narbot

 
Procissão do Encontro
É tempo de Páscoa
e me vem à mente a infância
e as coisas simples que então havia:
o capim pro coelhinho,
ovos cozidos tintos com cascas de cebola,
e as procissões,
ah! as procissões.
A do Encontro era de madrugada
bem cedinho;
papai ia com os homens
por um caminho
e eu por outro,
com as mulheres.
Ao fim da procissão,
defronte à Igreja,
o Encontro,
que para mim, pequenininha,
não era o do Cristo com Sua Mãe,
mas meu encontro com papai.
Nas procissões noturnas
havia as velas, tão bonitas,
e o medo de que alguém
incendiasse os cabelos do vizinho
Quisera eu ser ainda
a menininha
e, ao fim da procissão
do Encontro,
poder, de novo, encontrar meu pai.

 
Lu Narbot

sábado, 6 de abril de 2013

Amado Mestre - Agmon Carlos Rosa


Láis Rodrigues de Lima - Flávio Levy

Lais Rodrigues de Lima ( 19/09/1928-03/04/2013)


 PASSOU LUZ PRA TODA GENTE
E QUANTO MAIS OFERTAVA,
 SENTIA-SE MAIS CONTENTE
E A SUA ALMA BRILHAVA! 

PARA MIM AGORA É CLARO!
LAÍS DEVE ESTAR CONTENTE
AO VER SUA LUZ, FATO RARO,
BROTANDO DENTRO DA GENTE. 

  MESTRE QUE AINDA CONDUZ
SEM PERCEBERMOS, DIRIA,
 SEMEANDO SUA LUZ
DISFARÇADA EM POESIA. 
     
                                          
                                                   Flávio Levy

PEDIDO

                  










                                                                  PEDIDO

                                   VENHA  TIRAR  DE MIM  ESTA  TRISTEZA,
                                   ESTA  TRISTEZA  INFINDA  QUE  DÓI  TANTO,
                                   ESTA  MÁGOA  PROFUNDA  QUE  TRAZ  PRANTO
                                    A  UM  CORAÇÃO  COBERTO  DE  INCERTEZA.

                                   VENHA  ACALMAR  A  FEBRE  COM  SEU  CANTO, 
                                   COM  SEU  CANTO  REPLETO  DE  BELEZA,
                                   TRAZER-ME  À  ALMA  UM  POUCO  DE  PUREZA,
                                   DE  MEIGA  PAZ  E  DE  CATIVO  ENCANTO.

                                   TENTE  AJUDAR-ME  UM  POUCO  MAIS  QUE  NADA,
                                   PARA  ESQUECER  A  ESTRADA  MAL TRAÇADA
                                   QUE  PERCORRI  COM  MEUS  CANSADOS  PASSOS,

                                   E  LEVAR-ME  DE  VOLTA,  ENQUANTO  POSSO,
                                   AO  TERNO  LAR  QUE  SEMPRE  FOI  O  NOSSO
                                   PARA  O  DOCE  ACONCHEGO  DOS  SEUS  BRAÇOS.

                                              JOÃO  BAPTISTA  MUNIZ  RIBEIRO                          

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Aparências- Em Memória de Laís Rodrigues de Lima



Fiz, certa vez, viagem de avião
Que me deixou consciente da verdade
Tudo é aparência, sonho ou ilusão
Neste mundo de tanta escuridade.
 
Bem acima das nuvens, um clarão
Lembrava a eterna Luz da Divindade;
Espargia alegria, e a emoção
Nos dava bem-estar e amenidade...
 
Porém, quando o avião aterrizou,
Que contraste brutal, tudo mudou:
Havia no local densa neblina!
 
E agora, ao contemplar o ser humano,
Seja ele bom ou mau, jamais me engano:
- Bem dentro dele eu vejo a Luz Divina.
 
Lais Rodrigues de Lima ( 19/09/1928 - 03/04/2013)
Autor da letra e música do Hino da Casa do Poeta de Campinas, da qual foi sócio fundador.
 


terça-feira, 2 de abril de 2013

Momentos do Evento de 16/02/2013 - Casa do Poeta de Campinas

No evento da Casa do Poeta de Campinas realizado na Academia Campinense, estiveram presentes: Eunice Rodrigues de Pontes, José Roberto Teixeira, José Luiz Pires, Araci Aparecida Finittelli Pires, Dalva Saudo, Lucia Narbot, Maria Conceição de Arruda Toledo, Myro Pedroso de Moraes, Graças Gomes, Silvana Garcia, Augusta Rosa, Zilda e esposo, Rachel dos Santos Dias, Rosana Montero Cappi, Tereza Azevedo, e muita gente bonita e talentosa.



Roberto Mercury também compareceu ao evento da Casa do Poeta de Campinas e na oportunidade, ele e Teresa Azevedo lançaram a agenda 2013 - Mensagens Poéticas organizada por eles e com participação de poetas convidados.





 


 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Em Carne Viva - Luciana Dimarzio

Poesia
é a palavra vestida de arte,
é ofertório da alma
envolta em metáforas.


É dança sensual das sílabas,
gozo das frases
e convulsão dos sentidos.

Rio de pulsões,
expulsões
e catarses.

É eixo de delírios,
vértice de realidades.

E não mora apenas em versos
 rimados e metrificados.

A poesia vive,
principalmente,
na letra latejante
que sangra
e no verbo
que GRITA
em carne viva.


 Poema publicado no livro Reversos (IN) Versos-2012


Luciana  Dimarzio