Se atrás de mim a porta se fechar
E irremediavelmente nossas vidas separar...
Se desmoronar o castelo que sonhamos
E cada dia, pedra a pedra, junto colocamos
Amalgamadas com lágrimas de dor,
Muita luta, muito esforço e muito amor...
Se de tudo isso nada mais restar
Que valha a pena se comemorar...
Se nossa estrada lá adiante bifurcar
E nosso passo se desencontrar...
Se o vendaval varrer os nossos sonhos
E nós tivermos que vagar tristonhos,
Indiferentes, frios, insensíveis,
Ruminando os sentimentos terríveis...
Se tudo, tudo, se acabar um dia
Para nossa imensurável agonia...
Rolaremos no abismo da descrença,
Esqueceremos Deus, negando-lhe a presença
No coração da perversa humanidade
Que desconhece o amor e a piedade,
Desmantelando as aspirações mais puras
Que se abrigam nos corações das criaturas.
Se tudo isso, um dia for acontecer,
Meus Deus! Então eu quero já morrer!
MARIA CONCEIÇÃO ARRUDA TOLEDO
Poema publicado na Antologia da Casa do Poeta de Campinas “A Voz da Inspiração V”; Prosa Poesia e Pintura. 2011.