DALVA SAUDO
CARINHO DE ANIMAIS
Restou-me apenas carinho de animais

Nada mais ! São dois gatos.
Carinho ? Só de uma. A Xênia.
Ela fica na sala em cima da TV.
Espera eu apagar a luz
E... vai para o quarto me ver.
Encosta-se em mim toda dengosa
E por fim, me olha toda carinhosa !
Ao me sentar, ela pula em meu colo
Vem logo se aninhar, para carinho ganhar.
O outro gato é o Francisquinho.
Entre animais racionais e irracionais
Nunca vi na vida
Alguém nunca gostar de carinho ! Até bobo gosta !
Como pode esse gato não identificar um agradar ?
Ele é diferente, indiferente !
Ah ! Como invejo o Francisquinho !
Ele não liga p'ra ninguém, p'ra nada ! Se eu fosse como ele,

Não seria essa chorona, não seria essa sensível,
Não seria essa emotiva, não seria essa magoada !
Ficava só e pronto ! No meu canto !
Gostaria de ser como ele. Indiferente à toda gente !
SÃO FRANCISCO DE ASSIS,
Não quis magoá-lo ao colocar seu nome no gato !
Minha intenção foi apenas... homenageá-lo !
Gostaria de pedir para que o SENHOR
Interferisse, intercedesse
E o coração do meu gato amansasse
E assim... Ele me amasse. Mas...pensando bem,
O Francisquinho está certo !
Eu o admiro. Ele não sofre.
Ele é meu oposto. Na emoção ele é forte !
Eu ? Sou carente ! Mole !
Ele dorme dia e noite. Eu ? Às vezes a noite.
Quero em uma gata renascer
Ter uma dona carente e com ela crescer
P'ra muito carinho ela receber
Por saber como é fundamental o carinho de um animal !