Sai a barca barcarola levando a moça rola,
Suavemente a sonhar...
Há neblina, é fria e fina por sobre a plaga
e vaga em seus sonhos
sonhados que são entre os salgueiros.
O sol recém desceu.
Apenas sua luz ainda brilha
Por entre a galharia do arvoredo,
Ledo brilho pela trilha...
Os raros sons da noite soam dissonantes.
A tarde cai difusa e usa a última luz
para iluminar a barca deslizante.
Chorões choram suas folhas dentro d’água
como mágoa de um coração distante.
Fala baixo... A água apenas rumoreja
e veja, nada perturba seu deslizar.
E desliza a barca barcarola
Que embarca a moça rola, sozinha a navegar...
Da barca a madeira estala e fala dos tempos vãos.
Vão-se longe os pensamentos,
ventos que são dentro do tempo
a recordar o que foi.
Apenas tremula a água que arrepia e rodopia
nas ondas que faz o vento,
lento no seu caminho
sozinho ainda a soprar.
Moça rola cantarola na barca barcarola
canções de amor e saudade...
Passa, passa “soledade”
E me deixe aqui a cismar.
...o vento me fez sonhar...
Rachel dos Santos Dias |