segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

DEZEMBRO - 2003 - VIDAL

F.  VIDAL  RAMOS


VELHA  FIGUEIRA

Velha figueira morta, abandonada,
Ramos quais braços apontando o além,
Na curva mais bonita lá da estrada,
À espera de quem vai e de quem vem...

      Velha figueira morta, abandonada,
      Quando passava lentamente o trem,
      Ela era sempre por alguém saudada :
      O trem não passa mais, não há ninguém...

O tempo que é implacável, desalmado,
Deixou seu tronco outrora avantajado,
Em pedaços disformes, que nem sei.

      E eu que te amei, figueira confidente,
      No tronco teu procuro, qual demente,
      O nome dela que a chorar gravei...

segunda-feira, 10 de novembro de 2003

NOVEMBRO - Grupo - 2003 - ACI

NORMA  de  L.  GUIMARÃES  RIBEIRO

NADA  RESTOU

Há quanto tempo não vejo o teu semblante,
Que outrora foi para mim, a luz do dia,
Mas sei agora, que não mais encontraria,
Em teu olhar, aquele amor distante.
    Quantas saudades sinto das palavras,
    Misto de amor e de carinho, que embalavam
    Os sonhos que em minh'alma se aninhavam
Sepultei no coração essas palavras,
E os sonhos que em minh'alma se guardaram,
Nos meus olhos em pranto se apagaram...

NOVEMBRO - 2003 - S. LANDINI

SIDNEI  LANDINI

C A S C A L H O

Rasgo um papel, mais outro, pondo fora
O que restou de um vasto calhamaço,
E este gesto de pô-los fora, o faço
Sem o mínimo risco de penhora.
      E, pouco a pouco, livro-me do maço,
      Sem muita pressa, e sem muita demora,
      Aquilo tudo escrito numa aurora
      Para justificar o meu cansaço.
Antes de terminar este trabalho,
Quero ver se consigo dos escombros
Recuperar ao menos um cascalho:
      Era um texto falando de um carvalho,
      Era um verso que fiz sob os teus ombros,
      Dito com tuas lágrimas de orvalho !

segunda-feira, 20 de outubro de 2003

OUTUBRO - 2003 - ARITA

ARITA  DAMASCENO  PETTENÁ

SONHO  DESFEITO

Não consigo reter entre as mãos
Todos os sonhos acalentados.
Eram tantos, hoje são tão poucos
Que deles já não lembro
Nem sequer eu os lamento.
Lembro apenas - isto eu sei -
Que sonhei ser muito amada,
Ser até uma princesa
No reino encantado de alguém.
No entanto, a terra dura,
Maltratada e sem carinho,
Fez murchar no chão da vida
Meu pobre sonho de amor !

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

SETEMBRO - 2003 - JEHOVAH e LAÍS

JEHOVAH  B.  do  AMARAL

V I O L Õ E S

Não vistes nunca vasos decorados
E na decoração rosas em cores ?
Cheio de flores tornam-se encantados
Porque são flores carregando flores.
      Também não vistes esses delicados
      Bebês feitos em biscuit ? são uns primores
      E quando por crianças transportados
      São uns amores acariciando amores.
A mesma sensação, mesma alegria
Eu vi cheio de encanto e de poesia
E em estase fiquei maravilhado.
      Atraido pelo som fui de mansinho
      E uma mulher a dedilhar um pinho
      Era um violão a outro sobraçado.



LAÍS  RODRIGUES  de  LIMA

DEUS  E  O  PASSARINHO

Outro dia, mamãe, ao ler minhas poesias,
Perguntou-me curiosa e com maior carinho:
- Por que colocas tu, meu filho, nas poesias,
Tanto a palavra Deus, bem como passarinho ?
      E eu, então respondi:- mamãe: minhas poesias,
      São enviadas por Deus, e quanto ao passarinho,
      Tenho predileção e muitas simpatias
      Porque ele é puro, belo, e tão delicado.
Que não consigo ver noutro animal da terra,
A inocência e expressão que a sua figura encerra.
- Figura que me atrai pela pureza, enfim !
      Por isso, ao passarinho e a Deus eu rendo graças.
      A Deus, por ter criado um ser puro e sem jaças,
      E ao passarinho, por cantar no meu jardim !...

domingo, 17 de agosto de 2003

AGOSTO - 2003

IBRAHIN  ELIAS  GORAIEB

MINHA  CRENÇA

No bem que tinha e ti puz minha crença
E entrei assim em luta tresloucada
Bati, penei, na guerra sem parada
De ver o amor florir com vida intensa.
      A gente quando lida nunca pensa
      E segue, marcha, até que vê pasmada
      Queridas ilusões tornarem nada
      E muita fé sublime vã descrença.
Então as coisas mudam de sentido
Aquilo que valeu decai perdido
Na grande confusão mental do fim.
      Não vou ligar p'ra as flores que perecem
      Se algumas morrem outras permanecem
      E eu sei que um dia nascerão por mim.




MARIA  Ap.  NEI  ARDITO

D E V A N E I O S

Mesmo que o tempo apagasse
De minha memória,
Tudo o que houve entre nós,
Tudo o que foi nossa história,
Haveria de restar
Dentro de mim,
Uma lágrima de saudade.
- O elo que nos prende -
Para de novo eu te encontrar
Na eternidade.

quinta-feira, 17 de julho de 2003

JULHO - 2003

J. B. MUNIZ  RIBEIRO

ÚLTIMO  DESEJO

Desejo ver-te, como vi outrora,
Tão meiga e pura qual gentil princesa,
Em templo azul, bem ao romper d'aurora...
Templo de paz e de eternal beleza.
      Desejo ardentemente ver-te agora.
      Morro de dores, morro de tristeza,
      E me sufoca e punge essa demora,
      Que me traz rude dor, louca incerteza...
Que pare o mundo e volte o tempo atrás,
Pois quero amar-te e sei que me amarás,
E é tudo o que afinal espero e almejo.
      Amat-te a ti até o fim da vida,
      Estar contigo na hora da partida,
      Na glória de meu último desejo !




ARISTIDES  NUCCI

S A U D A D E

De quando em vez eu sonho, mãe querida,
Pois tua lembrança é tudo quanto resta
Do tempo em que alegravas minha vida
E me afagavas, me fazias festa.
      E minha infância foi entretecida
      Da peraltice para o que se presta
      Toda criança ainda não crescida,
      Cuja inocência nunca se contesta.
Porém, um dia, minha mãe, partiste,
Levando teus carinhos, teus afagos,
Tornando-me esta vida incerta e triste.
      Hoje perdura, no meu peito, a dor
      Da qual eu vou sorvendo em lentos tragos,
      Na taça da saudade, o amargor.


segunda-feira, 23 de junho de 2003

JUNHO - 2003

HONÓRIO  CHIMINAZZO

DESESPERO
O fogo do desespero
Queimou minhas ilusões.
Hoje sou um triste que passa
Na vida que já passou.
Só existe dentro de mim,
O expectro de quem amou.
      Os desenganos levaram
      Os sonhos que me animaram
      Na correnteza da vida,
      Deixando aberta a ferida
      Que envolve meu coração,
      Neste mundo de ilusão.
E da ingratidão que mata,
Minha alma já está farta
E aos poucos se apaga a luz.
Carregando minha cruz
Carrego também a coroa e o espinho
Até o fim do meu caminho.



DURVAL  OTERO

SILÊNCIO
O silêncio é profundo,
tem força descomunal,
em apenas um segundo
surgindo, vence o rival.
      O silêncio é segredo...
      é força não revelada
      que vai crescendo, sem medo,
      e surge na hora acertada.
Na vereda desta vida
o silêncio é tesouro
que conduz e consolida,
vale muito mais do que ouro.

sexta-feira, 16 de maio de 2003

MAIO - 2003

YEDA  LEITE  DIAS

MÚSICA  NA  MADRUGADA

De repente, uma música divina,
Se fez ouvir pela madrugada,
A lentidão de um solo na surdina,
Como se fora uma lira embriagada.
      Pelo espaço, infiltrou-se a doce melodia,
      Despertando-me de um sonho atormentado,
      Na sensação de uma breve nostalgia,
      Transportou-me num momento ao passado.
Assim levada pelo som embriagante,
Abri a janela na penumbra calma
E ali pude sentir o prazer repousante.
      Que superou minha nostalgia vã
      E trouxe paz novamente à minh'alma
      Ao antever na noite a brisa da manhã.



LOURDES  BADARÓ

NÃO  DIREI  NADA

Perante tua dor fico calada...
O silêncio tem dedos de veludo,
Acaricia a alma machucada,
Com maciez de plumas, e diz tudo !
      Eu vi em teu olhar o apelo mudo,
      E a angústia da esperança malograda;
      Senti teu coração quase desnudo,
      Bater numa cadência apaixonada.
Não te direi palavras, meu amigo,
Se expressar o que sinto não consigo
È porque não há nada que dizer :
      Por favor toma, em tuas mãos calosas,
      As minhas mãos amigas e sedosas
      E deixa, assim, a mágoa adormecer !

quarta-feira, 16 de abril de 2003

ABRIL - 2003

BENNY  SILVA

ROSA  DO  AMOR

Sendo infinito e paciente,
Ó Cristo, do amor oriundo,
Lançaste a tua semente
Nas entranhas deste mundo.
      Sabendo-o não infecundo,
      Um pouco lento somente,
      O teu olhar, sol profundo,
      O ilumina atentamente...
Ó jardineiro Jesus,
Há de abrir-se, perfumosa,
Tua semente de luz
      Do terno e tardo botão,
      E a vida será uma rosa
      Na palma da Tua mão !




SIDNEI  LANDINI

QUARENTA  ANOS

Anos depois de tudo ainda re escuto
- Quarenta deles para ser exato -
A gargalhar, mantendo-te em recato
Sorrindo à mim, por menos de um minuto...
      Hoje esquecido, pago-te o tributo :
      Não olvidei jamais de teu retrato,
      Tenho-o guardado em mim como um ornato
      Não de uma festa e sim sinal de luto !
Não pude ver-te mais, faltou-me pulso,
Coragem, força, destemor, impulso
Para ganhar de novo o teu sorriso...
      Não te vi mais e mesmo assim te quero,
      Anos depois de tudo ainda te espero...
      - Quarenta deles para ser preciso -

sábado, 15 de março de 2003

MARÇO - 2003

CAMILO  GUIMARÃES

INÙTILMENTE

A certeza de ter dentro do peito
O coração pulsando inùtilmente,
Crendo que todo amor é imperfeito
Que a dor sempre conosco está presente.
      Que vontade ! Sorrir do mesmo jeito,
      Na singela expressão de antigamente,
      Vendo tudo do modo mais perfeito,
      Tornando-me, outra vez, bom e inocente.
Tenho os olhos manchados de incertezas,
Arranhados nas rudes asperezas
De tudo o que no mundo, em vão, existe.
      Cubro a alma com a mortalha de mim mesmo,
      Esquecido, sem sonho, andando a êsmo,
      Porque tudo, na vida, é humano e triste.



ANANIAS  BATISTA  FONTES

UMA  LUZ  NO  MEU  CAMINHO

Qual Estrela Dalva apareceste um dia
Em minha estrada turva e desolada,
Plena de encanto e divinal magia,
Qual doce lírio em límpida alvorada.
      Depois, sumiste em meio à caminhada;
      Na atroz saudade e com melancolia,
      Perdido e com minha alma aprisionada
      Fiquei no calabouço da agonia...
Não te demores na distância, assim,
Retorna e vem ficar bem junto a mim,
Pois quero na incontida ansiedade
      Ser um devoto, sempre a te adorar,
      Bem junto a ti eu quero sempre andar,
      Aqui na terra e, enfim, na eternidade !

sábado, 15 de fevereiro de 2003

FEVEREIRO - 2003

ODETTE  T.  SANTUCCI  OCTAVIANO

B E L E Z A

És lindo... De repente vejo o quanto
Teus traços vigorosos têm o encanto
Que mostram velhas árvores rugosas,
Torcidas, seculares, resinosas...
      És lindo... E perfeição não há, no entanto,
      Nos teus traços que acusam desencanto...
      Suavidade não há de belas rosas,
      Nem a levesa de aves muito airosas...
És lindo... Uma beleza de interiores
Que existe só nos entes superiores,
O porte te tomou, eis a certeza.
      És lindo... E na beleza de tu'alma
      Existe o paradoxo que acalma:
      És lindo... E não precisas de beleza !





FRANCISCO  FERNANDES  DE  ARAÚJO

D E S A F I O...

Inimizade é uma tolice,
Posso afirmar o que aprendi,
E repetir o que alguém disse,
Quero fazê-lo agora, aqui...
      Historiazinha me contaram,
      De bom efeito e relevância,
      Sobre dois sábios que brigaram
      Por coisa à-toa, de implicância...
Se enquadra bem nesta questão,
Porque depois de tempo imenso
Um deles vai e aperta a mão
Do velho amigo, ainda tenso...
      Que "desmontou-se" envergonhado,
      Do lindo gesto não ser seu,
      Dizendo assaz emocionado :
      - Parabéns ! És melhor do que eu !...

terça-feira, 14 de janeiro de 2003

JANEIRO - 2003 - ENID M. BESTETI PIRES

ENID  M.  BESTETI  PIRES

RECORDANDO

Neste trecho final da caminhada
O prazer amorável, que se sente
É virar para trás e repassada
De carinho, por no hoje, o tempo ausente,
      Revivendo a trajetória, já, traçada
      E de novo sonhar alegremente
      Com sorrisos, amor e afortunada
      Existência, que aos poucos, foi fugiente.
Que o ignoto porvir seja esquecido;
Que se deixe ao destino, seu sentido;
Que de lado se ponha a ansiedade;
      Que do ocaso se faça o aurorescer;
      Que de novo se possa então viver,
      No mais terno aconchego da saudade.



LAÍS  GURGEL  BENEVENUTO

SOLIDÃO

Abriu-se espaço em mim,
Fez a cratera.
Lançou-se a cruz maldita da traição.
Veio a descrença, destruiu os sonhos...
Marejou os olhos de lágrimas a incerteza
Varreu-me d'alma o encanto do verão.
      Não mais verei o sol com tanto encanto,
      Pois, foram-se os sonhos, nada mais existe,
      Só matéria, sujeira e solidão.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2003

NOSSO BLOG

   
      Este  BLOG  está  cumprindo rigorosamente  o  estatuto e o
  regulamento  da  CASA  DO  POETA  DE  CAMPINAS.
                         LEIA  NO  " QUEM  SOU  EU ".
      DIVULGAR  POESIAS  E  INCENTIVAR  E  ORIENTAR
                                  NOVOS  POETAS.

                             1º de JANEIRO DE 2003.