FLÁVIO de AZEVEDO LEVY
À BEIRA DE UM ATAQUE
Levanta, quebra, força e arrebenta,
Eu estarei tranquilo à tua espera
E sabedor de ser uma quimera
Tua forma transformada e violenta.
Venha ! Que ao dissipar desta tormenta,
Verei a inexistência de uma fera
E uma paz que sobrevive à guerra
No fundo de tua face desatenta.
Posso escutar teu coração bramindo
Ao ver minha figura te sorrindo
Nos mandos e desmandos das marés.
Na praia o nosso encontro vai ser lindo
A tua força bruta se exaurindo,
E em arrepio, um beijo nos meus pés !
JOÃO BAPTISTA MUNIZ RIBEIRO
ASSIM SEJA
Espinhos, só espinhos pela estrada...
Pés descalços, sofridos, machucados,
Seguem em frente, trôpegos, cansados
Sem saberem se é longa a caminhada.
Assim, a humanidade vai calada
Como um bando de réus abandonados,
De almas puras e corpos ultrajados,
Por sendas que jamais levam a nada.
Mas, quem sofre tem sempre uma esperança:
Que chegue logo o dia da bonança,
E toda escuridão reverta em brilho.
E que ao final do lúbrico caminho
Encontre a paz das flores sem espinho,
E o afeto com que Deus recebe o filho !