quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sumindo de Ti - Dalva Saudo





Em meio às ilusões e desilusões
Dos deslizes que somam cicatrizes...
Tu príncipe que sonhei
E que em dias de fantasias almejei...
Preencheste por singelos e belos instantes
As fendas e lacunas do meu ser.

Tentaste apagar as melancolias
Das minhas madrugadas não estreladas!
Com melodias encantadas!

Mas... Num passado remoto
Em que nem me percebias...
Minha saudosa solidão...
Observava-o atentamente
Nos braços das damas no salão...
Até que... Finalmente!!! 
Na claridade de uma estrela...
Você me notou !

Mas... Tarde demais!
A Luz do meu interior...
O observou em demasia como mar em maresia!
Suficiente para entender...
Que ao invés de apagar minhas cicatrizes,
Deixar-me ias amargando
Na esquina chamada dor
Após minúsculas horas de amor!

Vou fugindo mesmo te querendo
Vou sumindo de ti...
Mesmo percebendo o renascer de um novo amor em mim!
Representas a última chama que deixo aos poucos se apagar.

Dalva Saudo

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sexagenária - Lu Narbot


Desde agora quase tudo me será permitido,
pois volto a ser criança
e resgato a ingenuidade
e o não ter medo do ridículo.
De hoje em diante,
por motivo de minha recém conquistada liberdade
de ser velha-criança,
continuo a ter a esperança
que nunca perdi,
a sonhar todos os sonhos
que nunca deixei de sonhar,
a cantar, ainda que desafinada,
todas as canções que quiser,
inclusive e sobretudo as fora de moda.
Não rompo laços
porque nunca estive amarrada.
Insisto e persisto, como sempre,
a viver em paz comigo mesma,
com o mundo,
com o riso e a alegria.
Hoje é só uma data,
apenas um dia entre o ontem e o amanhã,
somente símbolo a confirmar
que o importante,
o real, o verdadeiro,
é amar e ser feliz.


Lu Narbot

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Deixe-me Cansar de Você - Teresa Azevedo




Deixe-me cansar de você
Para que eu não sofra tanto,
De modo que eu me liberte.
Assim serei livre para amar de novo.   

Dê-me a luz dos dias e o luar das noites.
Esquente a minha cama fria
De tantos dias vazia.
De tanto tempo sem par.

Cale meus lábios com seus beijos
E percorra meu corpo com seus dedos,
Com sua mão tão macia.
Dê-me a seiva do seu íntimo. 

Leve-me a lugares outros
Que não meus sonhos loucos
Onde só existe você
Preencha minha mente cálida. 

Seja meu agir a cada instante
De nada frígido ou distante
Crave em mim sua espada nua
E faça-me mais e mais sua. 

Numa cantiga de roda cante-me,
Em um fluir de seu rio me encante.
Cambie meu corpo em seu ventre,
Não seja assim tão prudente. 

Medo de mim jamais tenha
Pois quero apenas lhe amar,
E de tanto amar me cansar.
Deitar na rede de si e bailar. 

Já não suporto mais sentir
A solidão de tal distância.
Compreender-me tão nada em mim
Sem as vampirescas mordidas suas. 

Quando meu sangue já é tão seu somente
Minha saliva seca anseia por sua boca
Minha pele pálida e fria por seus braços
E minha carência por seu peito protetor. 

Dê-me doses maiores
De volúpia e de desejos seus
Faz de mim objeto seu,
Mas não de canto e sim de uso.

Deixe-me cansar de você
Para que eu não sofra tanto...




Teresa Azevedo