Na mente da criança há tais mistérios...
Nem mesmo as mais ousadas teorias,
Vestidas dos propósitos mais sérios,
Fariam-me esquecer aqueles dias.
Mas, foi assim: me lembro, era menino.
Acontecia, como por encanto,
Me achar no mundo que atraía tanto,
De tão alegre, aconchegante e fino.
Todas as noites, o palácio, a lida,
Gente amiga em meus sonhos, bem vestida...
Ela, bela, solava um doce adágio.
Eis que, de súbito, num mau presságio,
O som do violoncelo emudeceu.
Que pesadelo estranho ! Ela morreu...
YEDA LEITE DIAS
UM ESPAÇO APENAS
No entanto, me ofertastes com amor
E as tenho, pois com elas já nasci.
Tantas coisas eu tive de valor,
Mas me escaparam, logo eu as perdi;
Como adornos, objetos de decor...
Foram perdas... enganos... mereci.
Detenho-me porém e a Vós recorro,
Por algo pelo qual alegre morro,
E nem Vós, nem ninguém nunca me deu.
Este pedido franco, aqui Vos faço:
Quisera ter a posse de um espaço,Onde eu pudesse enfim dizer : É meu.