quinta-feira, 17 de julho de 2003

JULHO - 2003

J. B. MUNIZ  RIBEIRO

ÚLTIMO  DESEJO

Desejo ver-te, como vi outrora,
Tão meiga e pura qual gentil princesa,
Em templo azul, bem ao romper d'aurora...
Templo de paz e de eternal beleza.
      Desejo ardentemente ver-te agora.
      Morro de dores, morro de tristeza,
      E me sufoca e punge essa demora,
      Que me traz rude dor, louca incerteza...
Que pare o mundo e volte o tempo atrás,
Pois quero amar-te e sei que me amarás,
E é tudo o que afinal espero e almejo.
      Amat-te a ti até o fim da vida,
      Estar contigo na hora da partida,
      Na glória de meu último desejo !




ARISTIDES  NUCCI

S A U D A D E

De quando em vez eu sonho, mãe querida,
Pois tua lembrança é tudo quanto resta
Do tempo em que alegravas minha vida
E me afagavas, me fazias festa.
      E minha infância foi entretecida
      Da peraltice para o que se presta
      Toda criança ainda não crescida,
      Cuja inocência nunca se contesta.
Porém, um dia, minha mãe, partiste,
Levando teus carinhos, teus afagos,
Tornando-me esta vida incerta e triste.
      Hoje perdura, no meu peito, a dor
      Da qual eu vou sorvendo em lentos tragos,
      Na taça da saudade, o amargor.