quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000

FEVEREIRO - 2000

JOSÉ  DRUMOND  de  OLIVEIRA

S Ú P L I C A

Mulheres, quanto amor eu para dar-vos tenho !...
Ó, se soubésseis, vós, viríeis aos meus braços
a beber desta fonte e acariciar-me o cenho
e devolver-me a vida; e os frágeis estilhaços
     do coração aflito e preso a algozes laços
     de angústia refazer no amor ! Mulheres, venho
     rogar que uma de vós naufrague-me em abraços
     e beijos tantos que meu coração qual lenho
em brasa a arder, reviva e salte de alegria...
tanto júbilo que do mundo coisa alguma
eu nada mais deseje, e que da fantasia
     não venha o despertar. Ó mulheres, em suma:
     sem vosso amor, eu, só, numa quietude fria
     por todas morrerei, se eu não viver por uma !




SILAS  CAMARGO  ROSEIRA

SONHO  E  REALIDADE

Quando menino ainda em tenra idade,
Eu já sonhava que Mamãe morria,
Porque cruel, atroz enfermidade,
Pouco a pouco sua vida consumia !
      O sonho me era então triste verdade,
      Ao sonhar que ela não existia;
      Mas acordava e a doce realidade
      Era que minha Mãe inda vivia !
Agora, outro contraste me amargura:
No sonho eu sinto que ela ainda vive
E mui alegre gozo sua ternura...!
      Mas, quando acordo, choro, porque tive
      Apenas sonho e que a verdade pura
      É que só na minha alma ela revive...

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