Eu afirmo que não é um bom dia!
Acredito ser o dia de dizer tudo o que sinto, tudo que está enroscado na garganta, tudo o que me prende e dá um nó. Dia de fazer uso de frases prontas, liberar sentimentos encarcerados e livrar-me das peias moralistas.
Dia de pegar meu boné, ajuntar os meus nadas e transformá-los em lenimentos, dormir e não acordar do sono, até perceber que o pesadelo acabou.
Hoje pode ser o dia da minha independência, dia de proclamar a minha república independente. Dia de ir, partir, caminhar sempre para frente. Dia de retirar da minha vida os atalhos, retornos e os até breve.
Não sei por que ainda escrevo e estrago papel, desperdiço tinta, sem falar no meu tempo, mas...
Para que ainda necessito de tempo?
Já estou longe, muito além do que imagina, todavia você ainda me lê, me ouve, então, continuo perto, não saí deste lugar e tão pouco de mim...
Não quero mais os dias para pensar, nem para escrever as normalidades, eu os quero para viver a minha moralidade.
Quero dormir para viver e acordar para sonhar!
Então, dormirei até que este hoje também se torne passado e eu perceba que continuei preso aos grilhões morais e continuarei a ser açoitado pelo tempo!
José Luiz Pires
Certamente um dos melhores textos que tive o privilégio de ler nos últimos tempos. Um belo e raro encontro entre reflexões doídas, angustiadas e, ainda assim, revestidas de puro lirismo. Muito bom, mesmo. Parabéns.
ResponderExcluirFabio