quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ah! Sarah de Oliveira Passarella

Do filete vertical formam as quedas d’águas,
os espelhos aquáticos onde banham os Bem-te-vis
das minhas claras manhãs, porque poeta não tem
curriculum, tem inspiração...

Ah!...
Ah!... Se eu pudesse acordar tiritando
fustigada pela ventania
que me abre um véu no céu
e ver, no cimo dos montes,
o horizonte alaranjado,
e um radiante nascer do sol
que faz lembrar o seu sorriso
   
Ah!... Se eu pudesse pelos tórridos chãos,
cavalgar embevecida
ao encontro da felicidade

 nas serenas planícies de capim molhado
 e sentir o cheiro de estrume dos animais,
 matando a sede nas nascentes
 que murmuram no ar
 sons e cantigas do nosso amor.

 Ah!... Se eu pudesse ao entardecer na praia
 caminhar pela areia, ir ao encontro do grande amor
 e no enlevo molhado da brisa salobra
  me perder na contemplação da imensidão azulina
 e embalar nossas almas no doce balanço das ondas mar.

Ah!... Se eu pudesse, ao cricrilar dos grilos,
falar para a lua pelas nuances da noite
e contar-lhe como é dorido
ter calcinado nos pensamentos de outrora
um amor que nasceu ainda menino.
Poder provar de ti um beijo embora,
ainda que seja com sabor
do travo da silvestre amora.


Poema publicado na Antologia da Casa do Poeta de Campinas "A Voz da Inspiração VI" -2014  

Sarah de Oliveira Passarella

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