quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

DEZEMBRO -2002 - ABRAÇADOS

JOÃO  BAPTISTA  MUNIZ  RIBEIRO

ABRAÇADOS

Branquejam teus cabelos... é a idade...
Enquanto os meus há tempo já estão.
E de alegria vibra o coração,
Que somente colheu felicidade.
      Branquejam teus cabelos... é verdade...
      E cada fio revela uma emoção,
      Uma história de amor, uma paixão,
      Que juntos nós lembramos com saudade.
Unidos pelas bênçãos do Senhor
Aos nossos filhos demos tanto amor,
E o mesmo amor aos netos sempre amados.
      E, quando a sós, contlemplo o entardecer,
      Eu sinto que ao final deste viver,
      Para o céu seguiremos abraçados.
     




MAURO  SAMPAIO

CONFIDÊNCIA

Sou um dos indecisos,
Mais um dos céticos
Ante o Mistério.
E, apesar... curvo-me.

sábado, 7 de dezembro de 2002

DEZEMBRO - 2002 - S.LANDINI

SIDNEI  LANDINI

R E F L O R I R

Certo dia virá, tenho certeza,
Que este drama de dor terá findado,
E que os momentos de ira e de vileza,
Sejam pequenas coisas do passado.
      Não mais veremos cenas de aspereza,
      Nem tampouco estaremos do outro lado
      Sem nos vermos, na simples incerteza
      Que o nosso amor houvesse terminado.
Mas ele é eterno e séculos afora.
Saberemos o quanto nos amamos,
Assim como o soubemos em outra era...
      E então, nós dois, como a árvore que enflora,
      De mãos dadas, a andar, talvez possamos,
      Rever florir de novo a primavera...

domingo, 10 de novembro de 2002

NOVEMBRO - 2002 - NEI e DURVAL

MARIA  AP. SILVA  NEI  ARDITO

ALMA  À  DERIVA

Vai, vai minh'alma, embarca neste sonho,
Vai sem leme, soltando-se à deriva,
Tira desse semblante tão tristonho,
Essa dor, essa mágoa ainda viva.
      Olvida o que passou... Vai, e navega
      Embalada nas ondas da ilusão,
      Soçobrando esse amor que ainda cega
      No teu imenso mar de solidão,
Retira essa paixão dentro do peito,
Aos ventos solta o que já foi desfeito,
Esquece o que no tempo se perdeu.
      Vai minh'alma, veleja em noite calma,
      E sonha, pois sonhar é próprio d'alma
      E, sonhando, retorna pro meu eu.




DURVAL  OTERO

PRESENÇA

A presença para válida
Depende da personagem...
Se amorosa, forte ou pálida,
Para uma linda abordagem...

      Deus divino, onipotente
      E Criador do universo.
      É presença altipotente
      E no mundo incontroverso !

Nesta tensa dor que tenho,
Venho, na Sua presença,
Sem ofensa, com empenho,
Termine esta dor imensa...

sábado, 19 de outubro de 2002

OUTUBBRO - 2002


ANANIAS  BATISTA  FONTES

O F E R E N D A

Presenteando a ti, este colar,
Que te ofereço com todo este apreço,
Também sempre a minh'alma te ofertar
A ti e, quero a tua, se a mereço.
      Assim, ajoelhado ante o altar
      Da devoção, do amor, e isso careço,
      Pois como correm rios para o mar,
      Os rios que possuo te ofereço.
E neste ato que é tão singelo,
Que da amizade tem exato selo,
Espero que agrade, compreendas,
      Esta expressão que busca reunir
      Dois seres que buscando bom porvir,
      Começam com modestas oferendas.




MAURO  SAMPAIO

MENTIROSA

Mentirosa.
Olhos verdes são perjuros.
Mas os teus,
Olhos negros - sem mentira, -
São piores que os perjuros.
São impuros !

OUTUBRO - 2002 - PRESIDENTE DE HONRA PERPÉTUO

              A  CASA  DO  POETA  DE  CAMPINAS,
  de acordo com o artigo 10º do Estatuto Social, confere ao
   poeta JOÃO BAPTISTA MUNIZ RIBEIRO, o título de
                    Presidente  de  Honra  Perpétuo.
  Aprovado por unanimidade pela diretoria e assinado pelo
  presidente em exercício Dr. Durval Otero e pela secretária
  Sara Valadares Ribeiro dos Santos.
              CAMPINAS, 19 de OUTUBRO de 2002.
   

quinta-feira, 12 de setembro de 2002

SETEMBRO - 2002 - João Martins

JOÃO  MARTINS

ESTRANHAS  LEMBRANÇAS

Na mente da criança há tais mistérios...
Nem mesmo as mais ousadas teorias,
Vestidas dos propósitos mais sérios,
Fariam-me esquecer aqueles dias.
      Mas, foi assim: me lembro, era menino.
      Acontecia, como por encanto,
      Me achar no mundo que atraía tanto,
      De tão alegre, aconchegante e fino.
Todas as noites, o palácio, a lida,
Gente amiga em meus sonhos, bem vestida...
Ela, bela, solava um doce adágio.
      Eis que, de súbito, num mau presságio,
      O som do violoncelo emudeceu.
      Que pesadelo estranho ! Ela morreu...




YEDA  LEITE  DIAS

UM  ESPAÇO  APENAS

Tantas coisas me deste oh Senhor !
Foram coisas que eu nunca Vos pedi
No entanto, me ofertastes com amor
E as tenho, pois com elas já nasci.
      Tantas coisas eu tive de valor,
      Mas me escaparam, logo eu as perdi;
      Como adornos, objetos de decor...
      Foram perdas... enganos... mereci.
Detenho-me porém e a Vós recorro,
Por algo pelo qual alegre morro,
E nem Vós, nem ninguém nunca me deu.
      Este pedido franco, aqui Vos faço:
      Quisera ter a posse de um espaço,
      Onde eu pudesse enfim dizer : É meu.

quarta-feira, 28 de agosto de 2002

AGOSTO - 2002 -

EUNICE  NUNES  OLIVEIRA

MEU  BARQUINHO

No rio de água cristalina,
Vai um barco deslisando.
Em tua viagem peregrina,
Na volta estou te esperando.
      Traz notícia desse amor,
      Pra não morrer de saudade.
      É tão grande a minha dor
      No coração, de ansiedade.
Já se passou tanto tempo !
Fiquei com triste lamento
Co'a falta do teu calor.
      Vai, barquinho, dá o recado :
      Que tenho muito chorado...
      Traz notícia desse amor !





LÚCIA  H.  OCTAVIANO

QUERIDO  MEU

Sonhei amar-te, num dia, querido,
Romper teus cacos, dizeres em vão,
Quebrar lembranças de mundo doído,
Viver contigo em teu canto sofrido,
Deixar-te doido, pedir teu perdão,
      Passar meu tempo contigo sentada,
      Gastar meus olhos nos teus, tã serenos...
      Amar tua vida, sentir-me gostada,
      Fazer de invernos, verões bem amenos.
Em minha mente, querido, passou
Pudesse ter um alguém tão perdido.
... Lágrima triste em meu rosto rolou.
      Guardei teus gostos, gravei tua tez,
      Cantei teus sonhos de vida, querido...
      Sorriste triste... partiste outra vez.

sábado, 13 de julho de 2002

JULHO - 2002 - Arita - Álvaro



ARITA  DAMASCENO  PETTENÁ

LAMENTO

Tenho tanto a te dizer
E, no entanto, na euforia de falar,
Fogem-me, sorrateiros, os últimos lampejos
Das palavras que ficaram em segredo.
      Já não ouvirás então, amor,
      Minha cofissão desesperada de "eu te amo"
      Nem tão pouco esse pedido atroz
      De que para mim tu voltes sem demora.
Ficarei, porém, à tua espera
Que é próprio das almas em abandono
Sonhar sozinha, nas cálidas paragens,
Sob a fumaça do trem da despedida.
      E entre acenos de adeus e nunca mais
      Tu hás de recordar a minha imagem,
      Tentando sorrir no instante da partida
      Com uma vontade enorme de chorar.
     





ÁLVARO  RIBEIRO

VINGANÇA...


Sofres hoje o amargo fel sorvido,
Em taça por ti mesmo levantada...
Sabias que talvez não desse em nada
Um sonho alimentado e tão querido !
      Não podes lamentar tempo perdido,
      Quando a grande esperança cultivada,
      Não vingou... morreu logo e hoje, coitada,
      Oculta se acha em coração ferido !
Que de lição te sirva a experiência,
Com amor vivida... e hoje mais nada importa,
Se apenas a mantens em teu caminho !...
      - "Agir tu deves, firme, sem clemência;
      Se ela bater de novo à tua porta,
      Não lhe dê, por piedade, o teu carinho !... 

domingo, 23 de junho de 2002

JUNHO - 2002 - ENID - ODETTE

ENID  M.  BESTETI  PIRES

JUNHO

Neste mes de fogueiras crepitantes,
Que relembram as festas do passado,
As saudades deste "ontem" são constantes,
Deixando o coração amargurado.
      Todos sonhos de amor estão distantes,
      No horizonte fugiente e anuviado.
      No presente, só há gritos soluçantes,
      Num triste caminhar, desesperado.
Ao redor eu só vejo desventuras.
Infelizes são todas criaturas,
No infinito, a gritar súplica ingente.
      Só há um raio de luz, como esperança.
      É esta fé no retorno da bonança,
      Com a ajuda de Deus Onipotente.





ODETTE  T.  SANTUCCI  OCTAVIANO

O CASAL DE VELHINHOS DE MÃOS DADAS

Eu continuo a ver, sempre passando
Em frente à minha casa, descuidados,
Os velhinhos tão doces, mão se dando,
Que meus versos habitam, encantados !
      Lembro-me de você, sempre falando
      Que um dia nós também, tão aliados,
      Lentos, caminharíamos sonhando,
      Como um casal de velhos namorados !
Mas o destino quis nos separar...
Você partiu, tomando outras estradas,
Em outras amplidões foi habitar.
      Hoje, nos sonhos meus das madrugadas,
      Vejo sereno, sempre a caminhar,
      O casal de velhinhos de mãos dadas !

sexta-feira, 10 de maio de 2002

MAIO - 2002 - Dulcinéa-Laís-J.Rodrigues-Arita

LAÍS  RODRIGUES  de  LIMA

ASPIRAÇÃO

Que o Cristo possa estar dentro de mim,
Agora e sempre, pra me conservar;
Que possa estar, também, atrás de mim,
Ativo vigilante a me guardar !
      Que possa estar, com Seu amor sem fim,
      Acima de mim a me abençoar,
      Pra que na terra eu seja sempre assim
      E a Sua imagem possa retratar !
Para me defender, fique ao meu lado,
Como audaz militar, fiel soldado,
Evitando-me toda tentação...
      E à minha frente, pra me conduzir
      No Seu caminho, até que eu possa vir
      A ser igual a Ele em perfeição !...



JEHOVAH  AMARAL

PRECONCEITO

Um amor que teve se chamava Vera,
E é o amor primeiro que nos marca tanto,
Ela tinha tudo o que de bom se espera,
Tudo quanto dela lhe trazia encanto.
      Por ela ser sua prima isso nada altera,
      Tem sonhos tumultuados, cálidos, entretanto
      Aínda lhe parece vê-la tal como era,
      Isso o entristece levando-o quase ao pranto.
Longe, separados, nem mesmo a distância
Fará ele esquecer tal beleza e fragrância,
E por toda vida ela será lembrada.
      A quem tão delicada nos gestos e na fala
      O seu pai quadrado o impediu desposá-la,
      Porque PRIMA VERA, para ele, é de florada.

quinta-feira, 11 de abril de 2002

ABRIL - 2002 - F. VIDAL RAMOS

F.  VIDAL  RAMOS

POR  TEU  AMOR

Por teu amor eu me afastei de Deus !
Eu que era meigo, simples e bondoso,
Pela mentira dos carinhos teus,
Fiz desta vida um antro pavoroso !
      Por teu amor eu me afastei de Deus !
      O meu destino, outrora luminoso,
      Hoje me leva ao mundo dos ateus,
      E a um futuro sombrio e tenebroso !
Hoje vagando ao léu, sem rumo ou norte,
Sei que me espera após a negra morte,
Todo o mal que este louco amor me fez !
      Mas eu sinto, no horror desta ferida,
      Que se me fosse dada uma outra vida,
      Eu te amaria... por segunda vez !




ARISTIDES  NUCCI

N Ò S

Quem é você ? E eu quem sou ? Quem somos ?
Duas almas simples: uma incompreendida,
Outra querendo, no pomar da vida,
Colhêr talvez, os intangíveis pomos.
      Eu sou aquele ser triste e mesquinho.
      Você é aquele ser cheio de ardor
      Simbolizando a pétala da flor,
      Enquanto eu simbolizo triste espinho.
E nossas almas pairam, devaneando,
No zênite azulado da quimera
Enquando o dealbar da Primavera
Nem bem se mostra e já se vai findando.

terça-feira, 19 de março de 2002

MARÇO - 2002 - S.LANDINI

SIDNEI  LANDINI

AMOR, AMOR, AMOR...

Bendita sejas tu, bendito o dia
Em que te vi, de luz ataviada,
Quando subias, linda, pela escada,
Acompanhando o tom da melodia.
      E ficou nosso o canto, a sinfonia
      A evoluir na sala, como fada
      A enfeitiçar a tudo e enfeitiçada
      Estivesse a cantar a cotovia !
E no ar dançava um conto de desejo
Quando roubei o teu primeiro beijo,
E outros furtei, depois, em noites calmas...
      E a música a cantar, cantava assim:
      " Amor, amor, amor... Nasceu de mim,
      Nasceu de ti, nasceu de nossas almas..."

domingo, 10 de março de 2002

MARÇO - 2002

CAMILO  GUIMARÃES

G Ê N E S I S

A criativa forma da unidade
A razão do universo consolida,
E o Criador confirma a eternidade
E a eternidade justifica a vida.
      É o momento supremo da vontade
      De uma energia universal sentida,
      O mundo exurge em luz, plasma a verdade
      De uma nova existência concebida.
A razão sente o assombro do mistério
Do equilíbrio dos astros no hemisfério,
Na cadência vital de um mesmo rito.
      A natureza, de arrebóis em festas,
      Se encanta de oceanos e florestas
      E o tempo toma a forma do infinito.





LOURDES  BADARÓ

FELICIDADE

Miragem que persigo já cansada,
De tanto sofrimento e desencanto,
Sentindo na alma a aridez do nada
E fluir, dos meus olhos, triste o pranto...
      Nunca incessante busca malograda,
      Vivi delírios por querer-te tanto,
      Acenavas fugindo em minha estrada,
      O teu mistério cheio de quebranto.
Eu te julgava errante aventureira
E ansiei por ti a minha vida inteira
Sem nunca encontrar-te de verdade...
      Tu não eras longínqua fantasia,
      Eras a minha sombra... eu não te via
      Seguindo os passos meus, Felicidade !

terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

FEVEREIRO - 2002 - JAEL e CÉLIA PAULINO

JAEL  LEME  C.  de  ARAÚJO

ENCANTAMENTO

A brisa passa tão sutil...
E contemplo o céu azul.
As brancas nuvens deslizando...
Com o sol sempre a brilhar,
Em nossos campos verdejantes.
Os pássaros cantam alegremente,
O rio vai deslizando lentamente...
E com o doce murmúrio das águas,
Meu coração bate em harmonia.
Eu vou, entrando em fantasia...
E extasiada, por tanta beleza
Das maravilhas da natureza,
Me lembro de um ser tão... "superior"
Que tudo fez, com muito amor !
E ao "autor" do Encanto da Vida,
Me curvo feliz... e agradecida !...





CÉLIA  PAULINO  SILVA

S I L Ê N C I O

Em um breve silêncio, seu corpo dormia,
Mãe do amor eterno, deste mundo se despedia,
Por um caminho Azul e Rosa ao céu subia;
      Era manhã de verão,
      Uma leve chuva branca das nuvens ali caia
      Mãe, querida, já não mais sorria.
Rosto de Paz e Serenidade,
Entre uma multidão seguia
Deixando lembranças e muitas saudades.
A chuva branca e transparente,
Margarida já não mais sentia.
      A sua nova morada que não conhecia,
      Em lágrimas e orações, uma nova flor
      Ali nascia junto a Deus e a Luz Divina
      Mãe, eternamente Mamãe.
     

quarta-feira, 23 de janeiro de 2002

JANEIRO - 2002



CÁRMEN  G.  PEDROSO

ONDE  ESTÁS ?

Procurei-te nas estrelas,
na lua, no universo inteiro.
Andei pelos lindos jardins
e nem lá eu te encontrei.
Procurei-te nos vales e montes
e desesperada chorei.
Procurei-te tanto...tanto...
E cansada adormeci.
Ao acordar,
encontrei-te nos meus braços,
apenas através
do doce perfume da saudade !
Sofri, e sofri demais,
pois na minha vida
jamais havia encontrado
alguém como tu !




SAMUEL  LISMAN

MAIS  NADA

Rosa, que podes dar-me ?
Perfume e mais nada.
Vento, que podes dar-me ?
Brisas e mais nada.
Amor, que podes dar-me ?
Tudo e mais nada.