SAUDADE DANADA
Poesia eu não fui te buscar nos bancos de escola
Eu te busquei na gota de orvalho que caía
Na manhã sonolenta de inverno
E nos campos cobertos pela geada.
Era a minha pele que o frio açoitava
E não as carteiras geladas e mudas
Que era onde eu me sentava aguardando
As letras que chegavam, sem calor quase geladas.
Quanto tempo demorou para que eu,
Bem devagar pudesse colocar um pouco de calor humano
E assim fui esquentando os meus garranchos e dando formas a eles.
Eles não tinham métrica, somente tinham o meu calor humano.
Mas, era um calor tão pequeno que tive que aperfeiçoá-lo
Bem devagar ele tomou forma e eu entendi
Passei então a usá-los, eles que me ensinassem o caminho
E, foi usando-os que juntei, e, fiz a minha poesia.
E agora é você que coloca medida nos meus versos?
Vem me falando de métricas,
Será que sabes o cumprimento que o caminho tem?
Será que sabes onde param os meus sentimentos
E onde chora o meu coração?
Então porque devo medir as letras
Nunca ninguém me ensinou, só me disseram
Que as minhas paginas poéticas iam me permitir,
Que em tudo o que eu escrevesse, podia até virar fantasia
Porque a poesia nos permite isso.
Deixe-me escrever a vontade,
Eu não vou te aborrecer e nem te criticar
De minha terra, dos meus campos e das minhas estradas
Somente eu sei o quanto a saudade é danada.
Moacir Monteiro