sexta-feira, 18 de dezembro de 1998

DEZEMBRO - 1998 - Laís e Landini


LAÍS  RODRIGUES  de  LIMA

TODO  DIA  DEVE  SER  NATAL

Quando chega o Natal fico magoado 
ao ver tanto contraste nesse dia;
ceia e fartura em casa do abastado
e na do pobre a mesa está vazia.
      Vinho, uisque, leitoa e frango assado,
      costuma-se ingerir com alegria;
      e esquecendo do Cristo o bom recado,
      transformam data santa numa orgia.
Não foi esse o recado à humanidade,
mas puro amor a Deus, fraternidade,
em síntese perfeita e divinal.
      Que deve estar no coração presente,
      hoje, amanhã, depois, eternamente,
      pois todo dia deve ser Natal !





 SIDNEI  LANDINI

ESCREVE,  POETA

Faz mais um verso, plange tua lira,
E canta o tempo, as flores, o passado,
E tudo o que ficou abandonado,
E que ao amor em tudo se refira.
      Faz mais um verso, um verso de safira,
      Que tenha o tom e o ritmo de um bailado;
      Verseja, poeta, um verso com cuidado,
      E evita nele pôr uma mentira !
Não deixes que teu estro se emudeça,
Faz de tudo por ele, que pareça
Aos outros que és feliz, mesmo não sendo !
      E se, acaso, teus olhos se umedeçam,
      Não deixes que teus sonhos bons pereçam:
      Faz mais um verso, mesmo que sofrendo...

domingo, 15 de novembro de 1998

NOVEMBRO - 1998 - THIAGO e FANNY

THIAGO  MENEZES

AMOR  PERDIDO
Como foi que mediste meu amor por ti ?
Como foi que teus olhos me enganaram ?
Foi por escutar palavras do silêncio infinito
ou por teu corpo... inesquecível ?
Há tanto tempo,
com os teus lábios em maldição,
um dilúvio de beijos
cobriu-me por inteiro.
Tu me amaste !
E eu apenas assisti como nuvem sem destino
o afastamento do teu corpo inolvidável !





FANNY  CRAVEIRO

IDADE  TERCEIRA
Terceira idade solene,
como passaram de repente,
esses anos jubilosos,
vejo-me agora contente !
      Terceira idade é brilhante,
      muito revela a contar,
      passaram horas sofridas,
      lutando para educar.
No crepúsculo da vida,
forças tem pra caminhar
numa mensagem florida
recado deixo aflorar.

terça-feira, 20 de outubro de 1998

OUTUBRO - 1998 - Cecília e Carmen Pimentel

CECÍLIA  de  A.  L.  MURAYAMA

TROVAS

Eu durmo versificando,
acordo fazendo verso.
Passo meus dias cantando
tudo quanto há no universo.
      **********
Não me perturbo, jamais,
se intolerante alguém fica.
É claro que sei bem mais
que aquele que me critica.
      **********
A manhã está gelada,
o vento varrendo a rua...
Caminho pela calçada,
lembrando que já fui tua.
      **********



CARMEN  PIMENTEL

ANDORINHA

Correndo pelas campinas
aos ventos mansos da ilusão
esquecendo que a qualquer momento,
podes encontrar um furacão...
Voa andorinha, vai para longe
nessa tua ansiedade vives à procura
de novos e aquecidos sonhos,
nessa tua fantasia, pobrezinha
esqueces até das primaveras
não tens tempo de fazer ninho.
Sei que voltarás alquebrada
e eu já não sei se estarei aqui
quando chegares só e cansada
das tuas loucas caminhadas.

quinta-feira, 10 de setembro de 1998

SETEMBRO - 1998 - FÁTIMA e S.PROENÇA

MARIA  de  FÁTIMA  PALMA

PRISIONEIRA

Ah ! Poeta, não queiras fazer-me
prisioneira de teus poemas
pois não possuis as algemas
que prendem meu coração.
Ele é pássaro livre
e voa sereno e triste
e não mais carrega o medo
de esbarrar na solidão.
Ah ! Poeta, só talvez me prenderias
se teu poema música fosse
e dela eu seria o refrão,
ou, se fosses o bailarino, eu seria o equilíbrio
e se fosses ainda o sol, eu seria a quentura
e se Deus pudesses ser, o mundo então eu seria
e se fosses feto aflito, a vida eu te adiantaria
e então se anjo fosses, pecado logo eu seria
e se fosses o afogado, seria eu a superfície.
E se depois de tudo isso, poeta ainda fores
só me prenderias com certeza
se de todos teus poemas
fosse eu a inspiração !





SÍLVIA  MARIA  S.  PROENÇA

SÓ  HOJE  QUERO...

Só hoje quero estar em teus braços
num forte abraço...
Só hoje quero ficar em paz
em teu regaço...
Só hoje quero olhar teus olhos
verdes tão doces...
Só hoje quero ser amada
como se teu único amor fosse...
Só hoje quero amar-te
neste clima muito envolvente...
Só hoje quero tocar-te
tão suavemente...

sábado, 22 de agosto de 1998

AGOSTO - 1998 - MARÃES e JOVANI

MARÃES  MARCELO  da  SILVA

INDIFERENÇA

Cruel atitude
Machuca o coração
Indiferença de amor
É a pior desilusão
      Valor de amizade
      Se acaba num dia
      Escurece a alma
      Se transforma em algia
A relva se torna crespa
A noite não é mais irmã
A solidão é o remédio
Que toma a pagã
      O orvalho se torna pranto
      Apenas tristeza persiste
      O amor agora é ódio
      A amizade não existe
O pássaro canta baixinho
Como sabendo da dor
Do poeta que um dia
Pensou encontrar o amor.




JOVANI  SANTOS

PEDRAS

Como o azul do céu
como as estrelas a brilhar
como o doce do mel
como as conchas do mar
estou por viver
só pra te amar...

terça-feira, 14 de julho de 1998

JULHO - 1998

ISABEL  RUBIÑO  DE  BERMUDES

SENHOR

Quando ao mundo cheguei, Tu, meu Senhor,
com bondade entregaste-me uma alma.
Eu devia viver com muito amor.
Depois me chamarias à Tua calma.
      Dou-te graças, embora esteja só.
      Creio ter a missão realizada.
      Fui menina, mulher, mãe e avó.                  
      Eu só queria ser bastante amada.
Agora, eu Te chamo, humildemente:
- Vem Senhor; quero a alma devolver,
porque sem ser amada, ternamente,
mil vezes, eu prefiro, então morrer.




                                                                                

TEREZINHA  BERTAZZI  

NO  ESPELHO

Sinto-me tranqüila
ao saber que tu, me fizeste mulher.
Recordo-te ofegante;
(e me abraçavas, tremulo
ao acender das luzes).
Fixei o olhar em ti
e vi o inédito texto de nós dois.
Sequer imaginas
os ensaios de depois, mas entre
meus fracassos e sucessos
me sinto segura ao ouvir Camarins...
porque me fizeste uma atriz.

quinta-feira, 25 de junho de 1998

JUNHO - 1998 - J.PATIRI - CÉLIA PAULINO

JOSÉ  PATIRI

V I O L A Ç Ã O

Violaste meus sonhos,
as quimeras esperadas
meus desejos de amante,
minha vontade de viver.
( O amor quando amadurece,
é como o fruto, cai, apodrece )
       **********

PRESENTEANDO  FLORES

Ao amor de meus amores
Dou flores
Tingidas pela
Vaidade
Da natureza
Que soube em ti
Inspirar-se a fazê-las
Também belas.






CÉLIA  PAULINO  SILVA

MENSAGEM

Um coração cheio de Saudade
O tempo passou
Tudo era felicidade
Que o vento levou.
Uma estrela em meu quarto entrou,
Uma mensagem ali deixou,
O vento forte soprou
Para a estrela que em silêncio voltou.

sábado, 20 de junho de 1998

JUNHO - 1998 - L. BADARÓ

LOURDES  BADARÓ

VOA,  BEM-TE-VI

Um Bem-te-vi feliz e descuidado,
vem pousar, todo o dia, em meu jardim
e erguendo a cabecinha, desconfiado,
vai bicando as florzinhas do jasmim.
      - " Bem-te-vi, bem-te-vi ", grita irritado,
      fazendo dos arbustos trampolim,
      parece que a procura de algo errado
      curioso pula, olhando para mim.
Não sejas indiscreto, Bem-te-vi,
sozinha eu vivo, sem amor, aqui
a rezar no rosário da saudade;
      não me olhes assim, pássaro intrigante,
      vai para longe, voa bem distante,
      não mora mais aqui a felicidade !

domingo, 10 de maio de 1998

MAIO - 1998 - MARLY e OLIS

MARLY  STRACIERI

ORAÇÃO  DO  PAI

Meu Pai ! Meu protetor !
Me indique o caminho certo,
para seguir com amor,
e sua presença por perto.
      Meu Pai ! Anjo Salvador !
      Que este caminho escolhido,
      tenha sua bênção e louvor
      e seja rodeado de bom fluido.
Meu Pai ! Fiel amigo !
Quando no caminho houver perigo,
de mãos dadas esteja comigo,
para me sentir em abrigo.



OLIS  T.  FELIPPE

ALEGRIA  MORTAL

Eu ria embora quisesse,
as amarguras chorar...
e sorria a quem pudesse,
em troca, amor poder dar.
      Ao Oráculo fui ter...
      pois eu precisava amar,
      nesta consulta saber,
      como ia amar sem chorar.
Porém, o que este me disse,
deixou-me calado e triste...
pois mau agouro predisse.
      Dali ao sair, sorria...
      embora mesmo quisesse,
      morrer com minha alegria.

sábado, 2 de maio de 1998

MAIO - 1998 - J.GALLINARI

JURANDIR  GALLINARI

POETA  TE  ESPERANDO

Tu és linda pomba branca,
voando nos ares...
e, eu aqui distante
como uma inocente criança,
de braços abertos, te esperando...
que venha pousar...
Eu com a música,
sentindo amor e saudade,
com a música tenho minhas crendices,
a poesia anônima de um povo,
eu sinto com a música um poeta
que busca dentro de mim
a sensibilidade de uma pomba branca.

quarta-feira, 15 de abril de 1998

ABRIL - 1998

SILAS  CAMARGO  ROSEIRA

MAIORIDADE

Hoje você alcançou maioridade
E bem por isso, há muito regozijo:
Mas, veja lá, não vá perder o siso,
Por pensar que já é autoridade !
      Muita vez quem alcança tal idade,
      Pensa logo que tem muito juizo,
      E não querendo mais nem um aviso,
      Vai desprezando tudo o que é verdade...
Um conselho de amigo queira ouvir:
Conserve sempre a fina educação
Que seus mestres quiseram lhe incutir;
      Obedeça a seus pais de coração;
      O paternal conselho é bom ouvir;
      Fazendo assim, terá compensação !




APARECIDA  BUCCI

REFLETIDO  DO  HORIZONTE

Tarde, e ante-noite,
Cada vez mais, escurece,
E a saudade é um açoite.
Nesta alma que padece.
      Luz de brilho difuso
      Rostos que jamais vi,
      Destino, eu te acuso !
      Por me trazeres aqui.
Vi, sangue nas águas,
Do rio, olhando da ponte.
Era um letreiro vermelho,
Refletido do horizonte.
      Rio de águas barrentas
      Que não podes espelhar
      Minhas lágrimas de tormentos
      Como o letreiro, a brilhar.

quarta-feira, 11 de março de 1998

MARÇO de 1998 - Honório - Sara - Luno

HONÓRIO  CHIMINAZZO

I L U S Ã O

Nesta ilusão, que para mim não finda,
Tudo é ausência neste meu recinto
Mas há esperança de te ver ainda
Para tirar-me a dor que ainda sinto,
      A tua imagem me é tão querida...
      Relembra sonhos de um amor frustrado
      Que poderá reencontrar a vida
      Em mim, que sempre fui teu amado.
Se não se esquece nunca o amor primeiro,
Nem o segundo ficará esquecido !
Quantos tiveram também o terceiro.
      No rubro coração sempre aquecido ?...
      Pois quem amou e foi também amado
      Eternamente há de ser recordado !





SARA  VALADARES  R.  dos  SANTOS

COMPOSIÇÃO

Deem-me papel e lápis
que lhes darei um verso.
Deem-me um sorriso,
que lhes darei uma canção.
Deem-me a calma,
que lhes devolverei a paz.
Deem-me uma semana,
que farei dela, dias eternos.
Deixem-me sozinha,
que farei companhia para o meu silêncio.
Deem-me a palavra,
que preencho o vazio dos muros.
Façam-me confições,
que serei seu segredo.
Toquem-me de mansinho,
que me desnudarei por inteiro.
E, se tudo isso, não for suficiente,
deem-me uma flor,
que farei dela um buquê de amor para a vida.




LUNO  VOLPATO

P R E C E
O sol, além descamba sonolento,
Perdendo-se nas orlas do horizonte.
E as trevas vêm surgindo atrás dos montes
Galgando o manto azul do firmamento.
      Os meus surpresos olhos no alto fito
      E aos poucos, mansamente, qual falua
      Vestida de ouro, vem surgindo a lua
      E avança pelas raias do infinito.
Agora tudo é escuro... a noite é intensa...
Um sentimento místico me invade
Tentando reavivar perdida crença.
      E no silêncio desta hora tão calma
      Levanta-se ante mim a Eternidade
      E a voz de Deus penetra na minh'alma...

sábado, 14 de fevereiro de 1998

FEVEREIRO de 1998

JOSÉ  BENEDITO  RODRIGUES

SÓ  BELEZA

Beleza... o que é beleza
Senão o que vem de teu sorriso
No encanto de teu olhar
Meu céu, meu paraíso.
      Minha vida, minha luz
      Meu ontem, meu hoje, meu amanhã
      Tudo, tudo que me seduz
      Queacalenta nossa alma pura e sã.
Beleza... beleza é a vida
Que se curte, bem devagarinho
Em toda jornada, em todo caminho.
      É o beco sem saída,
      Como um ninho de passarinho
      Com muito amor, em cada cantinho.



GENI  FUZATO  DAGNONI

N A T U R E Z A

A natureza acorda, em quietude.
longe do centro urbano, tão vibrante.
Há um ouro purpurino em plenitude,
nos matizes da luz do sol levante.
      Meu Deus quanta beleza na altitude:
      - A revoada sonora e exuberante.
      Há cascatas que com similitude,
      cantam nas pedras a canção pujante.
A doce brisa, os ramos, vem beijar
que felizes já, ficam a bailar.
com muita graça e terna sutileza.
      Enfim, também me sinto em sintonia,
      com os momentos belos de magia,
      da deslumbrante e terna natureza.

sábado, 10 de janeiro de 1998

JANEIRO de 1998

AGENOR  SANTOS  GONÇALVES

DIAS  MELHORES  VIRÃO !

Se a escuridão da noite prenuncia
não haver Poesia...
Da negritude da noite, de repente,
pode brotar um dia...
E se este dia, mesmo com céu
azul anil, e claridade fulgurante,
seja um daqueles dias cheios de
adversidades...
Não esmoreça, mentalize:
Dias melhores virão !
Pois, enquanto você ainda recebe a
graça da percepção e do discernimento,
lembre-se daqueles que se deixaram
a deriva, no Mar da Vida, cultuando
apenas as amarguras das desilusões.





YEDA  LEITE  DIAS

PROFUNDEZAS

Com minh'alma inundada de emoções
concisa volta aos ecos do passado
sem projetos ou novas decisões
apenas torno ao tempo desejado.
      Retorno despojada de paixões,
      que deveras teria então sonhado,
      entre as minhas modestas ambições
      tão efêmeras como o meu reinado.
Tenho porém, uma lembrança infinda,
que sempre vem, porque carrego ainda
aquela infância em pálido matiz.
      Oh ! Pudesse eu prever tal incoerência,
      quando no clima puro da inocência
      eu somente pensava em ser feliz.